terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Matéria interessante sobre o superávit

O colega Luiz escreveu uma matéria bem interessante sobre o superávit e ele autorizou que eu publicasse para conhecimento de vocês. Acredito que é o momento de pensarmos bem, pois a votação terminará amanhã, dia 15.12, e muita gente, principalmente aposentados e pensionistas, ainda não votou.

Reserva especial - Igualdade para os iguais

Novamente o assunto distribuição do superávit da Previ volta à discussão e o momento é oportuno para opinar e reacender expectativas a respeito da utilização desta justa e tardia sobra de R$ 19,8 bilhões da reserva especial do fundo, acumulada até o final de 2009, isso pelos cálculos conservadores.
Pensemos o seguinte: se ao invés de superávit, a Previ tivesse acumulado déficit por três exercícios consecutivos, a solução para o desequilíbrio já teria acontecido de forma imediata - aceitaríamos resignados o aumento das contribuições ou a diminuição dos benefícios e ninguém reclamaria, pois, afinal, é assim que manda a lei. Só que, ao invés de déficits, houve sobras, e a lei determina idêntico procedimento nestes casos. Conclusão: equivale dizer que, até agora, estamos num jogo onde apostamos apenas com a possibilidade de perder, sem a contrapartida do bônus de vencer. Jogo injusto esse.
Um ponto crucial que não poderá ser ignorado na discussão da destinação do superavit é a forma desigual de retribuição atual de benefícios, originada nos últimos treze anos, e ainda longe de estar plenamente corrigida. Podemos afirmar que a pródiga taxa Selic e o Ibovespa crescente não foram os únicos responsáveis pela indústria de superávits da nossa Previ. A sequência de reformas estatutárias também deu uma boa mãozinha para o acumulo de reservas, sendo que o estatuto de 1997 foi cruel na supressão de direitos, chegando, inclusive, a estabelecer um claro divisor na categoria de aposentados. Essa reforma estatutária criou a subclasse dos pós 97, isto é, do grupo que passou a ter seus salários de contribuição mutilados pelo excesso de travas impostas, isto para preservar o patrimônio da Previ de desequilíbrios futuros que nunca houve.
Como resultado das frequentes reformas estatutárias, temos hoje um valor médio de aposentadoria de R$ 5.670, que não é pouco, mas com um desvio médio escandaloso. Seria o mesmo que colocar a cabeça no freezer e os pés no microondas e dizer que a temperatura média está ótima. E a culpa maior, repita-se, foi da infeliz reforma do estatuto de 1997. Para se ter uma noção do impacto desse estatuto, basta observar que, atualmente, para garantir os benefícios dos 70,4% de aposentados e pensionistas são necessários 80,4% das reservas da Previ, ao passo que para os restantes 29,6% de colegas da ativa, são suficientes 19,6% das mesmas reservas para cobrir suas futuras aposentadorias. Se ainda restar dúvidas, é só confrontar valores de benefícios de colegas que se aposentaram em cargos equivalentes, mas em épocas diferentes â?" as diferenças são gritantes e é mais que justo corrigi-las, já que essa desigualdade está refletindo inclusive na política salarial do banco. E é fácil entender por quê.
Hoje existem 11.840 colegas que já poderiam deixar o Banco e partir para novos projetos e novos sonhos, só que a perspectiva do baixo valor do benefício da aposentadoria gera insegurança nesse pessoal e desestimula sua saída. O funcionário adquire o direito, faz as contas, tem um susto, e vai ficando. Cheque-alimentação, PLR, venda de abonos e férias, todos esses agregados entram nos seus cálculos, pois há muito tempo já viraram salário. E como não há compensação dessas verbas após a vida laboral, ele continua fazendo contas....e permanecendo. E tem mais: a possibilidade de conciliar aposentadoria do INSS com permanência, atualmente permitida pelo STF, irá aumentar na empresa a legião de virtuais aposentados. E o Banco perde a oportunidade de oxigenar seus quadros, reduzir o peso de sua matriz salarial e aumentar seu valor de mercado.
E sobre a solvência da Previ? Mesmo sendo um plano maduro onde, cada vez mais, os benefícios pagos superam as contribuições, o desembolso anual com benefícios não atinge 6% do seu patrimônio. Entramos num estágio de solvência tal que o aumento vegetativo da folha não mais alcançará a evolução do patrimônio, mesmo que as reservas estejam aplicadas em fundos ultraconservadores. A Previ não mais corre risco financeiro; político, talvez.
E o que resta fazer? Já tivemos, há três anos atrás, redução nas nossas contribuições, quando utilizamos provisões de exercícios passados, e isso representou para nós aumento líquido de salários, e para a Empresa maior geração de caixa. Na época, também obteve-se perspectivas, ainda que módicas, de aumento de benefício, via redução da parcela Previ.
Agora é hora de nosso Conselho Deliberativo ir além e, desta vez, lutar para destravar ainda mais as amarras do controvertido estatuto de 1997, flexibilizando o salário de participação e diminuindo, assim, o fosso que separa valores de benefícios de colegas que contribuíram igualmente, mas que estão sendo retribuídos de forma desigual.
A hora é oportuna.
Luiz Silvestre Topanotti
Atuário

2 comentários:

  1. Prezada Cecília,

    Não se admite tirar o foco da questão, se existe ou não superávit é problema da PREVI e Banco, a nós participantes interessa apenas o cumprimento da Lei Complementar 109/2001, aliás, lei não se discute, cumpre-se. Quer dizem então que um Conselho Ministerial pode mais que uma lei complementar votada pela maioria do Congresso Nacional? Não estaria havendo uma transgressão descarada, passível de punição pelo Poder Judiciário? Que governo é esse que pode tudo?

    Julio H. Honorato

    ResponderExcluir
  2. Excelente o artigo publicado por Luiz Topanotti. Vale lembrar que a partir de Janeiro de 2011 haverá revisão no Plano 1 e é a oportunidade de diminuir as amarras do estaduto de 1997, como por exemplo permitir que a venda de férias, abonos e licença prêmio voltem a fazer parte do salário de participação.

    Thompson Eduardo

    ResponderExcluir

Poste seu comentário