quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O rombo da Petrobrás

Por que falar do prejuízo da Petrobrás? Há dois pontos importantes para refletirmos. O primeiro ponto é a ingerência do Governo nas empresas brasileiras e isso podemos verificar também através das empresas em que o Governo acaba participando "indiretamente" pela mão da Previ, como é o caso da empresa Vale, Neoenergia, CPFL Energia, entre outras. Sangrar as empresas para que as políticas governamentais sejam mantidas é um absurdo e nunca foi tão explorado como atualmente. O outro ponto é que essa ingerência também está acontecendo (como sempre aconteceu) na Previ. Com a nova gestão, o processo ficou muito mais fechado, pois não teremos informações sobre o que acontece entre as quatro paredes da Diretoria Executiva da Previ.
A Previ entrou no aumento de capital da Petrobrás apostando em um crescimento que não aconteceu. Pagou caro o valor da ação e hoje essa perda já aparece na rentabilidade do fundo. Sempre foi colocado que a Previ é rica, porém dinheiro mal administrado pode proporcionar prejuízos enormes.
O governo resistiu em aumentar o preço da gasolina para não trazer de volta o fantasma da inflação, porém agora a situação demonstra que não poderá insistir nessa estratégia, pois isso poderá trazer grandes riscos à empresa e aos seus acionistas que confiaram nas perspectivas de crescimento propostas.

O surpreendente prejuízo de R$ 1,3 bilhão no terceiro trimestre é a síntese do custo que está sendo imposto à Petrobrás e, sobretudo, a seus acionistas e ao País por um modelo de gestão que a levou à estagnação em duas áreas essenciais - a de exploração e produção e a de refino e abastecimento. Esse modelo provocou a drástica redução de sua lucratividade, a ponto de a levar a registrar, de abril a junho, seu primeiro resultado negativo em 13 anos, mesmo com a receita líquida tendo alcançado R$ 68,05 bilhões, 11,5% mais do que a do segundo trimestre de 2011. Fatores conjunturais, como a valorização do dólar em relação ao real e a defasagem dos preços dos combustíveis no mercado interno, agravaram problemas que se acumularam ao longo da administração petista da empresa.
A área de exploração e produção registrou, no segundo trimestre, lucro líquido de R$ 10,67 bilhões, um resultado expressivo em valor, mas que, comparado com o de 2011, se revela frustrante. O aumento foi de apenas 0,7%. Nos últimos três anos, quando o PIB brasileiro cresceu mais de 10%, a produção da Petrobrás manteve-se praticamente estagnada, o que levou a diretoria da empresa a anunciar um plano de emergência para recuperar sua eficiência nessa área.
Evidência da baixa eficiência da empresa é a constatação de que muitos poços perfurados pela estatal na área do pré-sal - a grande promessa anunciada pelo governo do PT - estavam secos. Quando se anunciam os investimentos em novos poços, os valores não são contabilizados como despesas. No momento em que se constata que esses poços estão secos, porém, os valores precisam ser lançados nessa rubrica. Foi o que aconteceu no segundo trimestre, quando essas despesas somaram R$ 2,73 bilhões, R$ 2,1 bilhões mais do que os gastos com esse item no primeiro trimestre.
São particularmente ruins os resultados na área de abastecimento. A política comercial da empresa, imposta pelo governo do PT, não repassa integralmente ou retarda ao máximo o repasse dos preços internacionais para o mercado interno. Apesar da alta da cotação do petróleo e dos derivados que o País importa em volumes crescentes, o preço da gasolina cobrado pela Petrobrás em suas refinarias teve apenas dois aumentos desde novembro (de 10% e de 7,83%). Essa política já provocara prejuízo de R$ 2,28 bilhões na área de Abastecimento no segundo trimestre do ano passado; neste ano, as perdas subiram para R$ 7,03 bilhões.
Como sua produção, a capacidade de refino da Petrobrás está estagnada há anos. O governo Lula aproveitou essa situação para fazer grandes anúncios de investimentos na expansão da capacidade da empresa e utilizar de maneira política esses anúncios, agradando a governadores de alguns Estados e, em particular, o parceiro internacional preferido dos petistas, o caudilho venezuelano Hugo Chávez. Os resultados dessa exploração político-ideológica da empresa são desastrosos, operacional e financeiramente.
Como mostrou reportagem do Estado (5/8), 18 meses depois do lançamento de sua pedra fundamental pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, continua coberto de mato o terreno, no Ceará, onde deverá ser construída a refinaria Premium 2, anunciada como prioritária pela Petrobrás e com capacidade prevista para processar 300 mil barris/dia.
Outra refinaria que simboliza a política lulista para a área energética e para a América Latina, a de Abreu e Lima, em Pernambuco, nasceu de uma pretensa parceria entre a Petrobrás e a venezuelana PDVSA. Até agora, porém, a obra não recebeu nem um centavo sequer do parceiro estrangeiro, está com as obras muito atrasadas - prevista para funcionar em 2011, só ficará pronta em 2014 - e já custa praticamente o quádruplo do valor orçado no início e o triplo do valor internacional médio de um empreendimento similar.
Em mensagem aos acionistas, a presidente da empresa, Graça Foster, disse que a Petrobrás tem histórico, reservas e pessoal para a levar "a patamares de excelência" que lhe assegurem rentabilidade. De fato, tem. Mas precisa ter também uma diretoria capaz de, resistindo a pressões políticas do governo, restaurar a eficiência perdida.

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo

10 comentários:

  1. Cecília,
    ao acessar seu blog, de poucos dias para cá, o anti-virus acusa a existência de um TROJAN em sua página.
    Verifique o que ocorre.

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  2. Colega Cecília,
    O prejuízo de 1,3 bilhão da Petrobrás se refere ao segundo trimestre de 2012 e não ao terceiro trimestre, ainda em curso, conforme informado. Apesar desse resultado pífio, no semestre ainda há lucro líquido de R$ 7,8 bilhões, demonstrando uma queda de 64% em relação ao mesmo período do ano passado. Admitida a hipótese de a estatal do petróleo distribuir dividendos semestralmente, o caixa da Previ ficará desfalcado após esse resultado apresentado. A propósito, gostaria de saber se são significativos os valores recebidos da Petrobrás a título de dividendos e se, de alguma forma, poderão existir problemas de fluxo de caixa no nosso fundo. Ficarei no aguardo de sua breve, importante e oportuna manifestação.

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  3. Cecília,

    Nada de novo. Os preços administrados pelo Governo constituem um mecanismo de combate à inflação.

    O preço da gasolina está, há muito tempo, defasado. O preço da gasolina prejudica o preço do etanol, criando sérios problemas para o setor.

    Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e tantas outras estatais são usadas para a administração econômica, no combate à inflação ou à crise econômica. E todas pagam um preço.

    Mas, medidas pontuais, aqui e ali, tomadas pelo Ministério da Fazenda,têm permitido que o Brasil, apesar de tudo, se mantenha.

    Nós, assistidos da Previ, precisamos também de medidas pontuais: ES, BET, REAJUSTE JANEIRO, REAJUSTE PENSIONISTAS, FIM DA RES 26, SUPERAVIT, VERBA 220.

    Para isso contamos com pessoas como você, Dr. Medeiros e Prof. Ari. E aqui vale a afirmação do Dr. Medeiros que devemos nos organizar para negociar. Se a Justiça está meio bloqueada , temos que contar conosco.

    O Dr. Medeiros e Prof. Ari tiveram boa impressão do diretor de seguridade da Previ, Sr. Marcel de Barros e com ele abriram um canal de comunicação.

    No momento, a medida pontual que precisamos é o ES 180/180 JÁ.
    Tornou-se o sonho de muitos assistidos que vêem nessa providência uma redenção para suas aflições financeiras (vide blogs Dr. Medeiros e Prof. Ari). Precisamos da Anabb, da Afabb, da Faabb, de você, do Medeiros, do Ari, do Marcel.
    Abraços.

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  4. Cecília o que gostaria de saber é notícias s0bre o aumento anual do ES. Quando acontecerá???

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  5. Atenção Sra. Cecília sua página está infectada. Ainda não estão contaminando. Por enquanto os antivírus dectores estão alertando como ameaça. Tome suas providências para evitar surto. Abraço.

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  6. Será que se o BB se retirar da Previ, sem ingerência do governo não vamos ter mais transparência?
    Ele só tá tirando vantagens da Previ desde de 1997

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  7. O INSS vai antecipar, aos aposentados e pensionistas, até 10 de setembro, 50% do décimo-terceiro. Ano passado, a PREVI nos fez tal adiantamento na FOPAG de agosto(50% da verba P-400).

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  8. Caro Everton,
    Se o BB retirar o patrocínio, haverá regras para a nova gestão. Isso não significará, em tese, que melhoraria a gestão ou que teria maior transparencia, pois tudo dependeria de quem seriam os novos administradores. Se imaginarmos que, atualmente, os sindicatos estão dominando a gestão dos fundos de pensão, o Governo PT continuaria dando as cartas, visto que os sindicatos, em sua grande maioria, estão nas mãos deles e o órgão criado para proteger os participantes de fundos de pensão - ANAPAR - também está nas mãos dos mesmos sindicatos.
    Devolvo a questão para você - o que você acha?

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  9. Caro Jorge,
    A Previ tem investido na Petrobrás, aproximadamente, 7 bilhões. No ano de 2011, recebeu R$ 310 milhões de dividendos da empresa. A questão é que ela entrou no aumento de capital com um valor / ação muito alto e que será dificil a empresa ter suas ações no patamar comprado. Isso significa que haverá impacto no resultado da Previ caso a situação permaneça do jeito que está ou piore. Apesar de com o reajuste do preço da gasolina ter dado uma trégua ao mercado, os analistas estão muito pessimistas em relação ao futuro da empresa em termos de rentabilidade.

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  10. Cecília e colegas,

    Talves, uma das explicações p/a redução nos lucros da Petrobrás, esteja aí, nessa denúncia que o Sr. ILDO SAUER fez, de como o Pré-sal foi entregue de bandeja, ao Eike Batista, nessa entrevista que concedeu a Revista ADUSP nº51, em outubro/2011:


    http://www.adusp.org.br/files/revistas/51/r51a01.pdf

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