Tenho recebido alguns emails e comentários solicitando minha opinião sobre a matéria que saiu na revista Exame desta semana, com o título: "Os fundos de pensão precisam de mais... fundos" (link abaixo para acessar a matéria na íntegra).
http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1022/noticias/pensao-sem-fundos?page=1

Funcionários da Vale: para cumprir a meta de retorno, o fundo de pensão da empresa passou a investir em private equity
Eu me preocupo muito com essa crise que estamos vivendo e com seus reflexos ao nosso Plano. Tenho apresentado minha opinião em diversos momentos, porém a impressão que tenho é que os nossos colegas ainda não entenderam a gravidade da situação.
Apesar de alguns pontos que não estão profunda e adequadamente apresentados, a matéria têm pontos importantes e que não podemos deixar de considerar. Gostaria de reproduzir a parte que trata sobre a nossa Previ, destacada abaixo:
"Um levantamento feito por EXAME mostra
que, em 2011, dez das 15 maiores fundações do país não conseguiram entregar o
que prometeram. É o caso de Previ, do Banco do Brasil, Valia, da mineradora
Vale, e Postalis, dos Correios. O déficit somado do mercado de fundos foi de
quase 9 bilhões de reais.
A maioria dos planos tem recursos em caixa para fechar a conta e seguir pagando as aposentadorias normalmente. Mas, se o descompasso continuar, vai faltar dinheiro. Em risco, só no caso desses dez fundos, está a aposentadoria de 1 milhão de trabalhadores - e essa, como se verá adiante, é apenas uma parte do problema.
Só para recuperar o que não fizeram no
ano passado, as fundações precisam entregar um retorno de, no mínimo, 14% em
2012, segundo um estudo da consultoria Mercer. No ano passado, a Previc,
autarquia do Ministério da Previdência que fiscaliza esse segmento, interveio
em quatro fundos de médio porte, entre eles o Portus, da Companhia Docas, que
estão perto de ficar sem dinheiro para pagar as aposentadorias.
Há duas alternativas: pedir dinheiro às
companhias que patrocinam os fundos ou aumentar as aplicações mensais dos
investidores — o que não é fácil: a Fundação Cesp tentou aprovar isso
recentemente e não conseguiu.
Esse é um problema novo num setor que convive há anos com a perspectiva de uma trombada. No fim dos anos 90, o Tesouro Nacional teve de colocar dinheiro nos fundos de pensão do Banco do Brasil, da Petrobrás e de outras companhias estatais para evitar que eles deixassem de pagar aposentadorias (o buraco era de quase 20 bilhões de reais)."
Sabemos muito bem que o Banco do Brasil nunca colocou dinheiro que não devesse na Previ, porém a mídia continua com a afirmação de que o Banco cobriu o déficit da Previ. O que tem ocorrido é exatamente o contrário. A Previ tem coberto os déficits do Banco.
Além do desafio, no nosso caso, da redução das taxas de juros, a dificuldade de se atingir a meta atuarial nos retornos dos investimentos e conseguir superar a crise financeira atual são pontos relevantes, principalmente se contarmos que a exigência do Banco em se adequar às regras de Basileia 3, que, com certeza, respingará fortemente no nosso Fundo.
Por isso, colegas, não dá para discutirmos apenas o aumento do limite e prazo do Empréstimo Simples. Temos que olhar com cuidado esses pontos, pois o nosso plano poderá passar por períodos bem difíceis e muitos dos colegas lembram muito bem do passado de déficits e problemas.
Existem algumas perguntas que não querem calar - como estará o fundo previdenciário, criado para pagar o BET? Será se poderemos contar com ele no ano que vem? E a suspensão das contribuições? Tudo dependerá do resultado deste ano e pelo andar da carruagem, está muito difícil esperar um superávit este ano.
Por isso, colegas, trago novamente este assunto para reflexão e discussão. Precisamos acompanhar de perto e cobrarmos dos nossos representantes, não só o aumento do ES, mas também maiores informações e esclarecimentos sobre como anda nosso Plano e quais são as perspectivas para o ano. Onde está a Educação Previdenciária tão discutida pelos Fundos de Pensão e, em especial, pela Previ? Está na hora de colocarmos na prática a teoria. Os associados agradecem.
Cecilia Garcez