terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Leilão de concessão dos aeroportos

Caros Colegas,
O assunto que bombou hoje nos noticiários foi o leilão de concessão dos aeroportos. Eu separei algumas matérias que acho bem interessantes para lermos e refletirmos sobre o impacto que isso poderá proporcionar ao nosso patrimônio, pois apesar da participação ser através da empresa Invepar, a Previ tem uma participação considerável e, qualquer problema na empresa, recairá em cima do colo dos sócios e, por consequência, no colo da Previ. Fora a questão do nosso patrimônio do Plano 1 ser jogado em um negócio tão arriscado como este, também podemos citar o absurdo do BNDES bancar, com recursos dos cidadãos, financiamentos com juros subsidiados. Eu grifei algumas partes que julguei mas relevantes e que podem provocar a reflexão dos colegas.
Invepar, Triunfo e Engevix vencem leilão

Terminou o leilão de concessão dos aeroportos de Guarulhos (SP), Campinas (SP) e Brasília (DF), na BM&F Bovespa. O valor global arrecadado pelo governo foi de R$ 24.535.132.500,00.
O consórcio liderado pela Invepar (em parceria com a sul-africana ACSA) venceu a disputa por Guarulhos (SP), oferecendo R$ 16,213 bilhões – ágio de 373% em relação ao lance mínimo estipulado pelo governo (R$ 3,424 bilhões). A segunda mais alta foi do consórcio liderado por EcoRodovias, que ofereceu R$ 12,863 bilhões (ágio de275%). Também concorreu no leilão a viva-voz a OHL Brasil em parceria com a espanhola Aena (cujo maior lance de R$ 12 bilhões, ágio de 250%). Só os três foram classificados para a segunda rodada.
Já a Triunfo Participações e Investimentos venceu a concessão de Viracopos, com lance de R$ 3,821 bilhões (ágio de 159% em relação ao mínimo de R$ 1,471 bilhão). Ao todo, quatro consórcios fizeram lances por Viracopos. Além do Consórcio liderado pela Triunfo, também apresentaram propostas o Consórcio Novas Rotas, liderado pela Odebrecht, em parceria com a operadora de Cingapura Changi (R$ 2,524 bilhões); o Consórcio Operador Brasileiro de Aeroportos (OBA), liderado pela OHL Brasil em parceria com a operadora espanhola Aena (R$ 1,7 bilhão); e o Consórcio Invepar-ACSA, liderado pelo Grupo Invepar, em parceria com a operadora sulafricana Airports Company South Africa (R$ 2,113 bilhões). Os quatro foram classificados ao leilão de viva-voz, mas nenhum ofereceu propostas nessa etapa.
No caso do aeroporto de Brasília, o vencedor foi o consórcio liderado pela Engevix, com lance inicial de R$ 3,5 bilhões e venceu a disputa com uma oferta de R$ 4.501.132.500,00 (ágio de 673,39%). Outros concorrentes foram os consórcios de OHL Brasil (cujo maior lance foi de R$ 4,4 bilhões), Invepar (lance de R$ 3,213 bilhões) e Fidens (R$ 3,082 bilhões). Apenas Invepar não ofereceu lances na segunda rodada. (Fábio Pupo, Marina Falcão e Rodrigo Pedroso - Valor)


Cumbica, Viracopos e Brasília são privatizados
O sucesso do primeiro leilão de privatização de aeroportos no Brasil superou até os mais otimistas membros do governo federal, com um ágio médio de 347% em relação aos R$ 5,4 bilhões de outorga mínima prevista no edital
Sem nenhuma liminar de última hora para impedir a disputa, o governo conseguiu leiloar ontem os aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília com um sucesso acima do esperado pelos seus integrantes mais otimistas: o valor mínimo de outorga de R$ 5,4 bilhões atingiu R$ 24,5 bilhões em menos de duas horas e meia, ágio médio de 347%, metade do tempo que era previsto pelos próprios organizadores da disputa, na BM&F Bovespa.
O resultado do leilão também gerou questionamentos dos pessimistas. Sem nenhuma operadora de renome internacional entre os consórcios vencedores, a gestão dos três aeroportos ficará sob responsabilidade de empresas estrangeiras do mundo emergente. A Invepar, vitoriosa em Guarulhos com um lance de R$ 16,213 bilhões que não recebeu contraofertas, aliou-se à sul-africana ACSA. A Engevix, que arrematou a concessão de Brasília com uma proposta de R$ 4,51 bilhões e ágio de 673% sobre o valor inicial, fechou parceria com a argentina Corporación América - detentora de uma rede de 33 aeroportos na Argentina e com um histórico de renegociações contratuais e falta de investimentos. A Triunfo, ganhadora do leilão de Viracopos com uma oferta de R$ 3,821 bilhões, associou-se à francesa Egis Aiport Operation - curiosamente, suas operações se concentram no Congo, na Costa do Marfim, no Chipre e no Taiti.
Consórcios formados por operadoras estrangeiras como Fraport (Alemanha), Zürich Flughafen (Suíça) e Changi (Cingapura) ficaram longe das propostas vitoriosas. Também não participou da batida de martelo no pregão o "quarteto fantástico" das empreiteiras - Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão -, a maioria com vasta experiência internacional na construção de aeroportos.
O ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, Wagner Bittencourt, elogiou a "coragem" dos investidores e disse que o "apetite" das ofertas reflete a confiança no país. A assinatura dos contratos de concessão, após um processo de homologação do leilão e de abertura de prazos para recursos administrativos, deve ocorrer em maio. Para o ministro, a ausência das principais empreiteiras e operadoras do mundo entre os vitoriosos não é motivo de incômodo. "Não podemos ter preconceito com a origem do capital. Se não, nós mesmos teríamos complexo eterno de vira-lata."
Nas duas horas e meia de leilão, houve sussurros e expressões de espanto quando a OHL - em parceria com a operadora espanhola Aena - apresentou uma oferta de R$ 12 bilhões pela concessão de Guarulhos, até então maior da disputa. O "advisor" de um banco que assessorava outro consórcio logo comentou: "Essa conta não fecha". Quando a disputa terminou, o próprio presidente da OHL, José Carlos Oliveira, conhecido pela agressividade de seus lances nos leilões de rodovias, disse que havia chegado ao "limite". Depois, questionado se a proposta vencedora de mais de R$ 16 bilhões da Invepar trará retorno aos investidores, ele apenas sorriu antes de caminhar para a saída: "Tomara que dê certo".
Um alto funcionário do governo comentou, reservadamente, que não esperava uma outorga superior a R$ 6 bilhões para Guarulhos. Para ele, a saída da futura concessionária será explorar receitas não tarifárias - como publicidade e espaços comerciais - rapidamente para obter retorno do investimento. "Ela precisará antecipar obras como uma mega-ampliação do estacionamento e a oferta de hotéis e até centro de convenções no entorno do aeroporto", afirmou o funcionário.
Há muito espaço para ganhar eficiência, avalia Adalberto Febeliano, diretor de relações institucionais da Azul Linhas Aéreas, que acompanhou o leilão. Até o fornecimento de eletricidade à aeronave enquanto ela está em solo, para manter as luzes e o ar condicionado ligados, é feito por empresas como Swissport. "É o tipo de serviço que a operadora pode oferecer e gerar receita adicional", exemplifica Febeliano.
O tamanho do desafio da Invepar é ilustrado pela receita total projetada pelo governo para todo o período de concessão de Guarulhos. Nos estudos que balizaram o processo de concessão, estimam-se R$ 17 bilhões em 20 anos, cerca de 5% a mais do que a Invepar pagará somente como valor de outorga, em parcelas anuais. Mesmo assim, o presidente da empresa, Gustavo Rocha, garantiu que "vamos entregar o retorno esperado ao nosso acionista". Ele não detalhou seu plano de negócios, mas antecipou que a ampliação de receitas não tarifárias é parte essencial da estratégia. "Estamos tranquilos."
Pelas regras do contrato de concessão, as tarifas aeroportuárias não podem subir. No ambiente de festa do leilão, a Infraero ganhou elogios. "Ela tira leite de pedra", comentou o presidente da Invepar. "Ao contrário do que pode parecer, temos satisfação em ter a Infraero como sócia", reforçou o presidente da Engevix, José Antunes Sobrinho.
Com apoio de fundos, Invepar faz lance de R$ 16 bilhões
Vencedora do leilão do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, com uma única tacada e um valor surpreendente - R$ 16,2 bilhões pela outorga -, a Invepar - Investimentos e Participações em Infraestrutura SA terá missão dupla: garantir retorno para o pesado aporte e para os investimentos ao longo da concessão de 20 anos. Vai operar um terminal onde passam 160 mil pessoas por dia. Controlado pelos fundos de pensão Previ (majoritária, com 38% do capital), Petros, Funcef e pela empreiteira OAS (minoritária, com 19,4%), o consórcio deu lance três vezes maior do que a soma de seus ativos no país - de R$ 4 bilhões, conforme o relatório anual de 2010.
Para vencer o leilão, a estratégia da empresa foi apresentar um lance inicial que tirasse os concorrentes logo de cara do jogo. Responsável pela terceira maior oferta na BM&FBovespa, de R$ 12 bilhões, o consórcio liderado pela OHL Brasil jogou a toalha logo que viu a proposta da Invepar. "Chegamos ao nosso limite", disse o presidente do grupo, José Carlos Oliveira Filho. O lance da Invepar, em parceria com a sul-africana Airports Company South Africa (ACSA), teve um ágio de 373% em relação ao preço mínimo inicial fixado pelo governo.
Com estrutura de holding, a Invepar tem sob seu guarda-chuva seis empresas operacionais: Linha Amarela, Raposo Tavares, Metrô Rio, 25% da CRT, Bahia Norte e Litoral Norte. A empresa está num momento de diversificação dos negócios, para aumentar seu faturamento, que foi de R$ 1,1 bilhão no ano passado.
Para conseguir dar retorno aos investidores, a empresa planeja aumentar as receitas não tarifárias, como a construção de um grande estacionamento no aeroporto e a renegociação de contrato com os varejistas, além de melhor aproveitamento do espaço comercial. Outro plano da Invepar, que começa a administrar Cumbica em maio, é de abrir seu capital no prazo de 12 a 24 meses. De acordo com a Infraero, a administração do aeroporto no ano passado gerou uma receita de R$ 770,5 milhões à estatal.
"Queremos fazer do aeroporto uma verdadeira porta de entrada do país. Nossa expectativa é de retorno e forte crescimento de receita nos próximos 20 anos", afirmou, ao Valor, o presidente executivo da Invepar, Gustavo Rocha. Em 2011, cerca de 29 milhões de passageiros passaram por Cumbica segundo a Infraero. A estimativa da nova administradora é que o número pule para 50 milhões em 2020. Para conseguir retorno sobre o investimento de R$ 16,2 bilhões, Rocha se mostrou confiante na flexibilidade que a iniciativa privada tem em conseguir aumentar a receita. "O operador privado consegue melhor funding e é mais livre para controlar seus gastos", disse.
O valor da outorga da concessão será pago ao longo dos 20 anos, com R$ 800 milhões anuais. A homologação do negócio e a assinatura do contrato estão previstas para maio, mas o pagamento da primeira parcela só vai ocorrer ao final de 12 meses desde a transferência da operação.
Além do valor de outorga, a Invepar está obrigada por contrato a investir R$ 4,6 bilhões na ampliação da capacidade do aeroporto. A exigência foi feita pelo governo visando o as competições esportivas em 2014 e 2016. Por isso, a empresa vai focar os investimentos nos próximos anos na construção do terminal 3.
Rocha acredita que a Invepar fez o maior negócio de infraestrutura do país na área de transporte e vai conseguir pagá-lo com os resultados do próprio negócio. "Este setor está começando agora a se desenvolver no Brasil e está dentro da nossa estratégia. Queremos ser um dos principais players dessa área", afirmou. "Vamos investir em modernização de free shopping, praças de alimentação, desenvolvimento imobiliário e na parte de carga. No momento, a prioridade é preparar o aeroporto para a Copa".
Até chegar ao lance que inibiu qualquer oferta maior quando o leilão passou para lances viva-voz, a Invepar afirmou ter feito um estudo de oito meses, que envolveu cerca de cem pessoas e contou com a participação de austríacos e espanhóis, sobre a taxa de retorno do investimento. "Estávamos apostando neste negócio há muito tempo, foi muito trabalho e muito estudo e o foco era Guarulhos", disse Marco Geovanne, diretor de participações da Previ.
Segundo informou, a ACSA foi quem preparou os aeroportos da África do Sul para a Copa de 2010. "Eles têm experiência e vão trabalhar nisso conosco", afirmou, lembrando que a companhia administra aeroportos que transportam 50 milhões de passageiros por ano no país africano, além de outros 20 milhões em Mumbai, na Índia.
Após o terminal 3, em construção, o novo operador de Cumbica deverá iniciar o quarto um outro terminal, além de novo pátio para as aeronaves e um terminal de carga também até 2016. Com cerca de 4.500 funcionários, a Invepar vai incorporar cerca de dois mil empregados da Infraero (Daniel Rittner, Rodrigo Pedroso e Vera Saavedra Durão - Valor Online)


Operadores 'modestos' levam aeroportos
Responsáveis por terminais na África e na Argentina dominam leilão de privatização de Cumbica, Viracopos e Brasília
Os três grupos vão pagar R$ 24,5 bilhões pela concessão, 347% superior ao esperado; BNDES financia 80%
Pesos-pesados da administração de aeroportos globais, como os de Cingapura, Frankfurt e Zurique, foram derrotados ontem no leilão dos aeroportos brasileiros de Cumbica, Viracopos e Brasília.
Quem levou foram operadores da África e da América Latina, que não administram nenhum dos 30 maiores aeroportos do mundo. Os três grupos vencedores pagarão R$ 24,5 bilhões pela concessão, 347% mais que o lance mínimo. O BNDES financia 80% desse investimento.
As concessões serão de 20 anos (Cumbica), 25 anos (Brasília) e 30 anos (Viracopos). A estatal Infraero manterá participação de 49%. Os consórcios são obrigados a manter um investimento mínimo (e mais concentrado) até a Copa-14.
A Anac (Agência Nacional de Avião Civil) disse que controlará o reajuste das tarifas.
Os vencedores de Cumbica foram o consórcio formado por 90% da Invepar (sociedade entre a construtora OAS e fundos de pensão Previ, Funcef e Petros) e 10% da sul-africana Acsa.
"O fato de ser um país emergente não diminui ninguém porque, senão, teríamos de ter o complexo de vira-lata eterno. Não temos vergonha de ser emergentes", afirmou o ministro da Aviação Civil, Wagner Bittencourt.
"São atores perfeitamente possíveis de ganhar e ganharam. Pena que os outros não tenham tido tanta ambição."
O maior aeroporto brasileiro, em Guarulhos, com 30 milhões de passageiros/ano, terá como operadora a Acsa, que trabalha, há quase dez anos, com nove unidades da África do Sul, entre elas a de Johannesburgo e a da Cidade do Cabo. Juntas, recebem 35 milhões de passageiros/ano.
Embora o aeroporto de Johannesburgo seja elogiado pela beleza, o país não primou pela excelência na Copa-10. Jatos executivos lotaram os pátios e voos comerciais tiveram de ser desviados. Houve caso de aviões vindos da Europa que tiveram de retornar em pleno voo.
Viracopos, em Campinas, será operado pela Egis, consultoria francesa que administra 11 aeroportos na África (Argélia, Congo, Gabão) e na Polinésia, além do terceiro aeroporto de Paris, o Beauvais, a 55 km da capital francesa. Juntos, têm 13 milhões de passageiros ao ano (menos que Congonhas, que recebe 16,7 milhões).
A Egis tem 10% do consórcio, em sociedade com a Triunfo (45%) e a UTC (45%).


TÁTICA AGRESSIVA
Vencedores do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, em Natal, o consórcio formado pela Infravix (construtora Engevix) e pelo operador aeroportuário argentino Corporación América, foi o mais agressivo no leilão, levando Brasília com 675% de ágio.
Com 40 aeroportos na América do Sul e na Armênia, dos quais 33 na Argentina, a empresa tem uma história conturbada em seu país.
Venceu o leilão de privatização nos anos 90 pagando ágio elevadíssimo, mas não conseguiu honrar contratos.
Com dívidas de US$ 600 milhões e atrasos no cronograma de investimentos, o grupo conseguiu, em 2007, renegociar o contrato, trocando a dívida por uma participação de 20% do Estado. Com a "reestatização", deixou de pagar a outorga em troca de um porcentual das receitas para o governo.

Consórcio de fundos de pensão ganha Cumbica
O governo concedeu os três mais atraentes aeroportos brasileiros, mas poderá continuar a ser o dono do maior deles, o de Guarulhos (SP).
O vencedor da licitação, o consórcio Invepar-Acsa, é formado pela brasileira Invepar (com 90%) e com a operadora sul-africana Acsa (10%).
A Invepar é formada pela construtora OAS, com 50% do capital, e os três maiores fundos de pensão de empresas públicas -Previ, do Banco do Brasil, Petros, da Petrobras, e Funcef, da CEF- com a outra metade das ações.
Como a nova empresa que vai operar o aeroporto terá 49% de capital da Infraero e 51% da Invepar-Acsa, a estatal e os fundos de pensão terão 63% das ações da companhia que vai gerir Guarulhos.
O ministro da Aviação Civil, Wagner Bittencourt e o presidente da Infraero, Gustavo do Vale, afirmaram que o governo não vai ter influência na administração da nova empresa. Mas que a Infraero pretende se manter com o tamanho atual e, caso haja aumento de capital, a estatal vai entrar com mais dinheiro para evitar ser diluída.
Em Campinas, a vencedora da licitação foi o consórcio Aeroportos do Brasil, formado pelas construtoras TPI e UTC (90%) e a operadora francesa Egis Airport (10%).
Em Brasília, venceu o consórcio Inframérica, formado por Engevix (50%) e Casa (50%), operadora argentina com 49 aeroportos no mundo, entre eles o de São Gonçalo do Amarante (RN), o primeiro brasileiro privatizado.
Os ágios (sobrepreços) no leilão foram considerados altos. Em Guarulhos, o consórcio ofereceu R$ 16,1 bilhões por 20 anos de contrato, 373% mais que o preço mínimo.
Ano a ano, a empresa terá que pagar ao governo R$ 800 milhões. O valor da outorga é maior que toda a arrecadação do aeroporto em 2010 -R$ 693,1 milhões. A operadora terá de bancar ainda obras avaliadas em R$ 4,6 bilhões -R$ 1,4 bilhão até 2014.
"As propostas refletiram muito mais o espírito de risco", afirmou o advogado Adelmo Emerenciano.
Em Campinas, com R$ 3,8 bilhões, o ágio foi de 159%. Brasília teve o mais alto, 675% -chegando a R$ 4,5 bilhões.
Esse valor ocorreu porque foi Brasília foi o único aeroporto para o qual houve disputa na fase de viva-voz. O consórcio da mineira Fidens com a ADC&HAS (EUA) deu um lance e saiu do páreo.
Na disputa com o grupo formado por brasileiros e argentinos, os espanhóis da OHL/Aena desistiram depois do terceiro lance.
Em Guarulhos e Campinas, não houve essa disputa. A proposta vencedora foi dada nos lances em papel. A segunda colocada em Guarulhos foi a proposta da brasileira EcoRodovias com a alemã Fraport, que ficou R$ 3,3 bilhões abaixo da vencedora.
"Estamos seguros do que fizemos", disse Gustavo Rocha, presidente da Invepar.
Preço alto deixa dúvida sobre rentabilidade
Simulações mostraram que ágio a ser pago por aeroportos não permitiria amortizar investimento até fim da concessão
Para desistente, seria necessário abrir mão de lucro para cobrir proposta vencedora do terminal de Guarulhos
As maiores construtoras do país -que participaram do leilão em parceria com operadores dos melhores aeroportos do mundo- desistiram da disputa.
Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht e Queiroz Galvão nem chegaram a fazer proposta no viva-voz, após o lance inicial.
A Folha apurou que elas consideraram o ágio elevado demais para garantir retorno sobre o investimento no prazo da concessão.
Para Guarulhos, vendido por R$ 16,2 bilhões, elas chegariam a, no máximo, R$ 10 bilhões com chance de retorno sobre o investimento.
Um dos desistentes afirmou à Folha que, pelas simulações, teria de abrir mão de lucros para cobrir a proposta vencedora em Guarulhos.
Ainda segundo ele, com a receita obtida, daria para pagar impostos, no máximo.
Outra evidência dessa suposta distorção foi a relação entre o valor a ser pago pela outorga ao longo dos anos e a receita do aeroporto.
Em 2011, a receita bruta de Guarulhos foi de R$ 1 bilhão. Somente para pagar a concessão, durante o prazo de 20 anos, o consórcio vencedor desembolsará, em média, R$ 810 milhões por ano.
Isso sem contar o pagamento de impostos, encargos, os custos operacionais e os investimentos que terão de ser feitos ao longo dos anos.
Em Brasília, o vencedor (consórcio Inframérica) pagará, em média, R$ 180 milhões por ano até 2037. Em 2010, a receita bruta do aeroporto foi de R$ 200 milhões.
Para o aeroporto internacional de Campinas, que teve ágio de 159%, o consórcio vencedor (Aeroportos Brasil) pagará R$ 127,4 milhões por ano, em média, até 2042. Em 2011, a receita bruta foi de R$ 300 milhões.


SUPERAVIT
O governo não só se surpreendeu com o resultado do leilão dos aeroportos como já prevê arrecadar no início do ano que vem pelo menos R$ 1,3 bilhão com as concessões. Os recursos contribuirão para engordar o superavit primário de 2013.
Com a concessão, o governo passou a garantir receita extra de, ao menos, R$ 1 bilhão por 20 a 30 anos.
A presidente Dilma Rousseff celebrou o resultado. No ano passado, ela fora informada pela sua equipe de que o valor estimado da concessão dos três aeroportos ficaria em torno de R$ 10 bilhões. (DIMMI AMORA, MARIANA BARBOSA, JULIO WIZIACK E MARIANA SALLOWICZ - Folha de S.Paulo)

Invepar está confiante no retorno
Grupo que venceu a disputa por Guarulhos ficou 8 meses trabalhando na proposta, que contou com consultores da Áustria e Espanha, envolvendo cerca de 100 pessoas
A Invepar, que venceu a disputa pelo Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, destaca que um operador privado tem mais flexibilidade de estratégia e busca de funding. O presidente da empresa, Gustavo Rocha, disse estar confiante no retorno do projeto, apesar da proposta agressiva de R$ 16 bilhões pelo terminal.
As obras em Guarulhos até a Copa do Mundo, segundo Rocha, vão se concentrar no terminal de passageiros. "A Infraero está tirando leite de pedra" disse o executivo quando questionado sobre a situação atual dos aeroportos brasileiros.
O executivo destacou que o Grupo Invepar ficou 8 meses trabalhando em sua proposta, que contou com consultores da Áustria e Espanha, envolvendo cerca de 100 pessoas. Sobre seu parceiro internacional, a ACSA, da África do Sul, disse que a empresa foi a responsável pela administração dos aeroportos na Copa de 201O.


IPO
A Invepar pretende abrir seu capital no prazo de 12 a 24 meses, segundo o presidente da empresa, Gustavo Rocha. O presidente da Invepar disse ainda que a proposta da empresa pelo aeroporto de Guarulhos, a mais alta do leilão, foi muito bem avaliada e discutida, com cerca de 100 executivos participando de sua elaboração, incluindo técnicos de seu parceiro internacional, a sul-africana ACSA. O lance oferecido foi de R$ 16,2 bilhões. (Silvana Mautone, Fernanda Guimarães e Altamiro Silva Junior - Agência Estado)


Interesse pelos ativos de infraestrutura
Estamos presenciando atualmente a voracidade dos investidores por ativos de infraestrutura no Brasil.
Apesar dos riscos de ser um sócio da Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária) e de fragilidades do edital, nos deparamos com participantes dispostos a pagar um valor incrível, às vezes até questionável, como no caso do consórcio vencedor de Guarulhos.
Esse fato apenas evidencia dois grandes temas: o primeiro, a latente ineficiência do Estado em gerir esses ativos de infraestrutura.
Quando os ativos foram analisados por competidores que entendem do mercado, eles conseguiram visualizar mais eficiência na administração, dado que o custo operacional hoje praticado pela Infraero é muito elevado, por conta de sua ineficiência.
Também enxergaram oportunidades de negócios já existentes em inúmeros aeroportos no mundo e ignorados no Brasil.
A ineficiência chega ao ponto de o aeroporto de Guarulhos perder clientes de estacionamento -sendo que ele detém monopólio do serviço- para competidores localizados a mais de três quilômetros, por não disponibilizar vagas. Se não fosse trágico, seria até engraçado.
E o segundo grande tema é a oportunidade que o país está perdendo com a morosidade dos processos licitatórios de transferência desses ativos de aeroportos, portos, rodovias, entre outros, para a iniciativa privada.
Esperamos que essas evidências façam essa situação mudar.
Outra questão é: como se comportará a Infraero como sócia?
Esperamos que a estatal não atrapalhe a necessidade de investimento e crescimento dos aeroportos.
Inúmeros outros processos de concessão e PPPs (Parcerias Público-Privadas) encontram-se paralisados, caminhando vagarosamente pela malha do Estado em todas as esferas: municipal, estadual e federal.
O risco é perdermos a janela de oportunidade por mais uma ineficiência do Estado brasileiro. (EDUARDO PADILHA - Folha de S.Paulo)


O espantoso leilão dos ares
Lances pelos aeroportos foram altíssimos; governo deveria aproveitar a onda e privatizar mais
Desde o fim do espantoso leilão de privatização dos aeroportos até o começo da noite de ontem, analistas financeiros faziam contas para entender como os consórcios vencedores esperam lucrar com seu empreendimento.
Os analistas, independentes das empresas envolvidas, não entendiam nem as contas das empresas nem concordavam com as contas de outros colegas.
Mas a frase de um deles resumia o espírito das conversas de gente do governo e de participantes do leilão, durante o dia de ontem. "Deve estar sobrando dinheiro barato em algum lugar. O governo deveria vender logo os outros aeroportos."
Dados os preços de ontem, na verdade, o governo deveria vender qualquer coisa: aeroporto, estrada, porto, açude, trilha de vaca, cacimba ou até a Esplanada dos Ministérios (cedendo alguns ministros de brinde, de preferência).
Os analistas podem estar errados, prevendo retornos baixos. Erraram, por exemplo, na conta das concessões de usinas hidrelétricas (Jirau e Santo Antônio), erraram em leilões mais recentes de rodovias. De resto, empresas que disputam concessões têm mais conhecimento do negócio que um isolado analista de instituição financeira.
De qualquer modo, a conta dos vencedores é pesada. No caso de Guarulhos, primeiro é preciso pagar a concessão: R$ 16,213 bilhões, em parcelas distribuídas por 20 anos (tempo da concessão). Há ainda os investimentos (R$ 4,6 bilhões) mais 10% da receita bruta anual. A receita atual de Guarulhos não dá nem para a saída.
Até 80% do investimento pode ser financiado pelo BNDES. Os vencedores de Guarulhos (fundos de pensão, OAS e a estatal sul-africana de aeroportos, Acsa) podem vender ações. Arruma-se financiamento (barato, no bancão estatal, mas que tem custo) e capital para o investimento (que, por meio de ações, dilui o lucro). Ainda resta a questão do retorno.
Problema das empresas, certo? É, essa é a lógica do leilão. Mas, mesmo com as multas pesadas em caso de descumprimento de contrato, as melhorias podem atrasar ou não ser tão "melhores" assim.
O consórcio vencedor de Guarulhos é 90% dos fundos de pensão Previ (funcionários do Banco do Brasil), da Petros (Petrobras), da Funcef (da Caixa Econômica Federal) e da empreiteira OAS.
Haveria mão do governo aí, nos lances altos (o governo indiretamente nomeia parte do conselho desses fundos, pois as empresas são estatais)? Não parece, pois as propostas derrotadas, se menores, também eram espantosas. De resto, há uma empresa privada no grupo.
De resto, esses três fundos são os maiores do país, têm 45% do patrimônio dos fundos de pensão brasileiros, foram feitos para isso mesmo, juntar poupança, e, pois, precisam colocar o dinheiro em algum lugar, além de terem metas de rentabilidade para cumprir. Não é tão fácil inventar teorias conspiratórias.
Por fim, além de haver "dinheiro sobrando" para privatizações, é preciso lembrar que aeroportos fazem parte de um sistema nacional: não adianta arrumar três se os demais não funcionam (aviões saem de um lugar, precisam chegar a um outro -bidu). Quando serão concedidos os aeroportos do Rio, de Minas, do Rio Grande do Sul? (Vinicius Torres Freire - Folha de S.Paulo)


O impacto deste leilão
O sucesso do leilão de concessões dos aeroportos de Guarulhos, Brasília e Campinas, realizado nesta segunda-feira, não pode ser medido somente pelo forte interesse despertado entre os 11 consórcios concorrentes (ágio médio de 348%) e pela nova fonte de receitas para o Estado, de nada menos que R$ 24,5 bilhões.
O principal fator desse sucesso está em ter demonstrado definitivamente que a transferência da gestão de importantes serviços públicos para o setor privado é o único modo de garantir rápido avanço à infraestrutura do Brasil.
Esses três aeroportos movimentam juntos cerca de 30% dos passageiros; 57% das cargas; e 19% das aeronaves que passam pelos terminais do País. E, uma vez ampliados, contribuirão decisivamente não só para o aumento dos transportes de passageiros e carga, mas para a redução das tarifas, à medida que elevarão a escala de operação.
Ainda resiste dentro do governo Dilma – especialmente no PT, principal partido da base de sua sustentação política – o entendimento de que qualquer iniciativa com algum cheiro de privatização é um atentado contra interesses nacionais. Essa gente continua apegada a velhos preconceitos ideológicos e por isso refuga tudo o que transpira delegação de serviços públicos. Ignora que o Tesouro está excessivamente espremido. E não há recursos que deem conta de tudo quanto tem de ser feito para evitar os apagões do serviço público no Brasil.
Nas últimas semanas que precederam à realização do leilão, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Sindicato Nacional dos Aeroviários e outros mais tentaram ação desesperada para impedir o fato consumado. Argumentaram que o leilão transfere o filé mignon dos projetos de ampliação dos aeroportos e deixa os ossos para Infraero – estatal que controla a infraestrutura de 69 aeroportos no Brasil –; desvia recursos públicos administrados pelo BNDES; e exige participação de capitais estrangeiros na administração dos terminais.
Pois os resultados do leilão mostram não apenas que a Infraero continua com 49% de todos os negócios na área, como também dispõe agora de nada menos que R$ 24,5 bilhões, com o quais não contava, para obras de expansão por meio do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac).
O outro foco de críticas dentro do governo é a transferência de recursos do BNDES para o financiamento das obras dos consórcios vencedores. Repete-se aí o surrado discurso daqueles que condenaram a participação do BNDES nos processos de privatização realizados ao longo do governo Fernando Henrique. E, no entanto, esses financiamentos cumpriram, como cumprem ainda, a função de aumentar o interesse pelos leilões. De mais a mais, o BNDES existe para financiar atividades privadas, não para bloqueá-las.
A participação de empresas estrangeiras nos consórcios foi exigida porque nenhuma das brasileiras tem experiência em operar terminais aeroportuários. Não se trata de desnacionalizar o setor ou quaisquer outros, como esses fundamentalistas tentaram fazer acreditar.
Se esse leilão contribuiu para o reencontro do governo Dilma com as melhores práticas de investimento público e governança, então seu sucesso não será limitado aos bons resultados obtidos nesta segunda. (Celso Ming - O Estado de S.Paulo)

9 comentários:

  1. Cecília,
    Peço sinceramente perdão a você porém não sei guardar nada para mim e as vezes tenho que botar para fora.

    Textos longos demais as vezes por mais que nos esforcemos é impraticável a compreensão, pois embora trn]anscritos sinceramente é brabo ler até o fim e ainda tem mais é lançado um tópico este nem começa a ser um frutinho para ser digerido vem em cima outro e torna o seu acompanhamento impraticável.Não sei se colegas sentem isto porém sinto e as vezes isto faz com que não sejam dadas opini~/oes como esta de suma importância para nós com investimentos da invepar neste angu de caroço que é a privatização de aeroportos.

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  2. Caro Domini,
    Eu concordo plenamente contigo, porém são varias versões e, para facilitar a leitura, eu grifei em rosa os pontos que me chamaram mais a atenção. Pode deixar que depois eu retorno a matéria sobre as chapas da Cassi.

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  3. sao generosos esses fundos de pensao.compram com agio gigantesco!Investimento p o futuro, garante em tese os aeroportos p a copa do mundo, o resto eh resto! Seremos qtos assistidos do PB1 daqui ha vinte anos? Somos palhaços em meio a esse circo que estah levando a tranquilidade do futuro que sonhamos ter.........

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  4. Cecília,

    Mais uma vez peço desculpas, parece que sofro de uma espécie de daltonismo onde cores parecidas me confunde.Não vi o rosa há não ser depois de alertado por você o detalhe

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  5. Cecilia,
    Concordo com o Domini. Faz muito tempo que não leio outros comentários de outros tópicos: 1º por serem muito longos e dar sono, 2º por serem apenas suposições e desejos do relator, sem nenhum fato compatível com a nossa realidade. Então, de sonhos já estamos cheios o que estamos precisando é de ações.
    Gosto muito de seus comentários e acho que voce seria muito util para nós como DIRETORA DE SEGURIDADE DA PREVI, é uma pessoa conhecedora e que está identificada com nossos problemas já há muito tempo, por isso, esperamos que voce considere a sugestão.

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  6. Colega Cecília,
    Sem perder de vista o respeito que todos os articulistas merecem, imagino que em situações da espécie seria mais importante para os associados do “PB-1” ouvir a opinião de quem já esteve lá dentro da Previ, ocupando uma das diretorias e, quem sabe, para lá retorne agora em 2012. Valeu?

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  7. Será que a ANABB não pode fazer nada para impedir a dilapidação do nosso fundo de pensão?

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  8. Fiquei sabendo agora que a ANABB esteve presente no encontro em goiânia,parabéns pela iniciativa, desculpe pelo comentário anterior.
    O que precisamos é de união.

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  9. Cara Cecília,
    Menos mal que o pagamento deste "grande negócio" será feito em 20 prestações anuais; a parcela da PREVI deverá ser R$ 267 milhões/ano. Quero crer que deverá haver algum lucro para o consórcio, o que diminuiria o valor a ser pago.

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