terça-feira, 16 de março de 2010

PT e fundos de pensão: jornais trazem novas denúncias

Dois jornais dão destaque hoje, com manchetes no alto da página, aos depoimentos do corretor Lúcio Funaro à Polícia Federal e que vinham sendo mantidos em sigilo pelo Ministério Público. Em depoimentos prestados ao Ministério Público Federal em 2005, o corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro acusou o deputado cassado e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu de ter se beneficiado pessoalmente em negócios fechados por fundos de pensão sob controle do PT.

Funaro afirma que, em duas operações do Portus - fundo de pensão dos servidores do setor portuário -, Dirceu e o PT teriam recebido, "por fora", comissões de R$ 5,5 milhões, valor superior ao divulgado na época. Funaro denúncia suposto esquema de arrecadação de recursos para o PT através de transações com fundos de pensão de estatais.Funaro afirma que, em duas operações do Portus - fundo de pensão dos servidores do setor portuário -, Dirceu e o PT teriam recebido, "por fora", comissões de R$ 5,5 milhões, valor superior ao divulgado na época.Nos depoimentos, Funaro aponta o atual tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, como responsável por gerenciar os negócios dos fundos de pensão ligados ao partido.

Vaccari é alvo de um pedido de quebra de sigilo bancário, feito pelo promotor José Carlos Blat, por suspeita de envolvimento em um suposto desvio de recursos da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop) para o PT.Investigado por participação no escândalo do mensalão, Funaro mantém há quatro anos acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. Nos depoimentos ele detalha as operações que teriam beneficiado Dirceu e o PT e causado prejuízos milionários a fundos de pensão como o Portus e o Petros, dos funcionários da Petrobrás.Um dos negócios a que o corretor se refere é a venda de ações de um shopping na cidade catarinense de Blumenau.

Funaro afirma que o Portus vendeu sua participação no Shopping Neumarkt justamente no momento em que o ativo estava melhorando sua rentabilidade e que o negócio foi fechado "com o intuito de receber recursos para o ministro José Dirceu".De acordo com Funaro, a transação foi fechada com uma offshore (empresa sediada em paraíso fiscal) de propriedade do sócio majoritário do shopping. O Neumarkt pertence ao Grupo Almeida Júnior, dono de quatro shoppings em Santa Catarina. "Para comprovar a péssima operação do fundo basta ver que o comprador, após dar uma ínfima entrada, pagaria o restante do saldo devedor apenas com os dividendos das cotas compradas da Fundação Portus", declarou Funaro. A transação se deu em 2004, um ano antes de estourar o escândalo do mensalão petista. O grupo Almeida Júnior confirma o negócio, mas nega ter dado propina a Dirceu e ao PT.Para adquirir as ações do Portus em condições facilitadas, prosseguiu Funaro, o pedágio era de R$ 500 mil.

O dinheiro deveria ser entregue a representantes de Dirceu e do PT - o corretor afirma que a direção do fundo, na ocasião, já estava a cargo de indicados do ex-ministro. Diz que ele próprio se interessou pelo negócio, "financeiramente muito atraente", mas desistiu ao saber que era preciso pagar a suposta propina, que nos depoimentos ele chama de "por fora".Na mesma época, em 2004, diz o corretor, o Portus vendeu uma participação em outro empreendimento imobiliário, dessa vez em Joinville (SC). Nesse negócio, o "por fora" teria sido de R$ 5 milhões.Ao se referir a outras transações que teriam por objetivo favorecer o PT, ele sugeriu aos procuradores "intensa investigação" sobre a corretora ASM Asset Management, com sede no Rio. Ele lança suspeitas, em especial, sobre um fundo de direitos creditórios subscrito "em quase sua totalidade" pelos fundos de pensão ligados ao partido.

O jornal do Rio de Janeiro diz que, segundo Funaro, o fundo de pensão Nucleos teria fornecido recursos para a campanha do petista Lindberg Farias.Em editorial, um dos jornais diz que O mensalão, escândalo que passa à História como símbolo do abalo na imagem do PT como legenda ética, pode ressurgir na campanha deste ano para atazanar o projeto de poder petista. O caso de supostos desvios de dinheiro da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop) para o caixa dois petista na campanha de Lula à Presidência em 2002 já exumara a operação dos aloprados, de 2006. Da Bancoop, dirigida pelo atual tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, principal alvo das investigações mantidas pelo Ministério Público de São Paulo há quase três anos, também teriam saído aqueles maços de dinheiro apreendidos antes de serem entregues em troca de um dossiê falso contra Serra, candidato ao governo de São Paulo, naquele ano.Agora, na última edição de “Veja”, o doleiro Lúcio Funaro estabelece ligações entre João Vaccari, o esquema de suprimento de dinheiro ilegal do mensalão e fundos de pensão de estatais, sob controle de sindicalistas da CUT/PT.

Funaro é um homem-bomba a ameaçar o PT.Para não ser acusado pela Procuradoria Geral da República no processo do mensalão, em 2005, Funaro fechou com o MP federal um acordo de delação premiada — informações e provas em troca de redução de pena. Diz Funaro que, em 2003 e 2004, quando os dutos do mensalão transportavam altos valores em dinheiro vivo, João Vaccari Neto recolheria propinas em negócios intermediados por ele entre alguns desses fundos e empresas interessadas em entrar neste mundo, em que as cifras são contadas em bilhões. As comissões iriam para o caixa dois petista. No circuito estaria ainda o indefectível Delúbio Soares, então tesoureiro do PT, peça importante nas engrenagens do mensalão. A importância do relato está em unir a ponta da coleta de fundos ilegais para o partido com o braço sindical e financeiro sob controle de militantes do PT e da CUT. O poder de mobilizar dinheiro desses fundos é gigantesco. E, teoricamente, a capacidade de gerar comissões e induzir doações de empresas a partidos, também. A história é de alta combustão, por envolver nomes estrelados do PT e ser levantada em período eleitoral. Semana passada, a Justiça de São Paulo, preocupada com a contaminação política do caso, rejeitou pedido do MP para bloquear contas da cooperativa, e pediu mais informações antes de decidir sobre a quebra de sigilo bancário de João Vaccari Neto.

Fazem sentido os cuidados, mas todas as dúvidas e suspeitas precisam ser checadas e avaliadas. Só com a iluminação desses meandros, a política brasileira tem chances de subir de nível.

* Fontes primárias da informação O Globo + O Estado de S. Paulo

8 comentários:

  1. Enquanto aqui se fala sobre milhões(de dolares)vivemos atrás de MIGALHAS.Já que nada sairá sobre o superavit pergunto O QUE EXISTE SOBRE SUSPENSÃO DE COBRANÇA/CONTRIBUIÇÃO PARA 2010

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  2. Colegas,

    Alguém sabe por onde anda o Pizzolato. Que foi dirigente da Previ eleito por nós e saiu com o estigma de ter recebido dinheiro em função de negócios intermediados. Na época em que deixou a diretoria do Banco a imprensa ainda divulgava que ele afirmaria que tudo fez sob ordens do Gushiken. Nada ocorreu. O que vai matar este país é a impunidade. Impunidade alimentada por um povo acomodado, que, na grande maioria das vezes, é igualzinho aos representantes que elege, só vê seus interesses pessoais e quer ganhar tudo na lei do menor esforço. Falta nos ainda uma liderença com caráter e visão que possa desenvolver o sentimento coletivo e de Nação.

    Jose Forte

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  3. Anonimo de 16.10.010, como tudo em nosso país é assim mesmo, a imprensa que faz uma gritaria dana se silencia e nada mais fala e todos se acomodam.Soube que diretores de estatais quando perdem um emprego recebem dos fundos uma RENDA melhor que a famosa CERTA.Talvez Cecília responda se isto é verdade?

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  4. Vamos ver se desta vez a denúncia envolvendo a BANCOOP e os fundos de pensão será realmente investigada a fundo. O Conselho Fiscal da PREVI tem a obrigação de se manifestar a respeito.

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  5. Domini,

    Desconheço essa afirmação de que diretores de estatais quando perdem o emprego recebam alguma remumeração ou renda especial advindos de fundos de pensão.

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  6. O delator premiado Funaro sabe muitas falcatruas do PT e sua gente!
    João Vaccari Neto é um dos seis brasileiros que compõe o Conselho de Administrção da Itaipu Binacional.
    Vai perder a Tesouraria do PT.
    José Dirceu está rico com tanta comissão recebida pelas suas ingerências em negócios escusos, se não ajudar com grana ao PT, também vai aos tribunais superiores.
    Pizzolato e Gushinken submergiram táticamente, para voltarem logo após as eleições, na distribiuição dos cargos e na organização do periodo de transição do governo.

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  7. Li não sei onde que quando qualquer dirigente de estatais ou mesmo de órgãos federais recebem uma indenização por passarem uma quarentena sem voltar a cargos.Como disse é uma indagação e não uma afirmação.Mesmo assim com alívio verifico ser infundada a noticia

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  8. Pois não está errado não Domini... A PREVI PAGA 1 ANO O MESMO SALÁRIO QUE O DIRETOR RECEBIA QUANDO ESTAVA NA PREVI. ASSIM, DONA CECILIA, SERGIO ROSA E ALEXANDRE VÃO MAMAR POR UM ANO... PASMEM....
    TÁ NA LEI 108 VEJAM:
    Art. 23. Nos doze meses seguintes ao término do exercício do cargo, o ex-diretor estará impedido de prestar, direta ou indiretamente, independentemente da forma ou natureza do contrato, qualquer tipo de serviço às empresas do sistema financeiro que impliquem a utilização das informações a que teve acesso em decorrência do cargo exercido, sob pena de responsabilidade civil e penal.

    § 1o Durante o impedimento, ao ex-diretor que não tiver sido destituído ou que pedir afastamento será assegurada a possibilidade de prestar serviço à entidade, mediante remuneração equivalente à do cargo de direção que exerceu ou em qualquer outro órgão da Administração Pública.

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