terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

ECONOMIA - 90% dos fundos de pensão não atingem as metas em 2008

Crise e colapso da Bolsa afetam rentabilidade, e Secretaria de Previdência Complementar promete elevar fiscalização. Estudo conclui que 60 correm alto risco e podem apresentar problemas; secretário promete fiscalizar grandes como Previ, Petros e Funcef.

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Atingidos em cheio pela crise econômica mundial, cerca de 90% dos fundos de pensão brasileiros não conseguiram alcançar em 2008 suas metas de rentabilidade, segundo dados oficiais preliminares. O resultado acendeu o alerta da SPC (Secretaria de Previdência Complementar), que, depois de analisar os 370 fundos do país, concluiu que 60 entidades encontram-se em alto grau de risco e têm grandes chances de apresentar problemas.

Essas instituições entraram na mira da SPC e passarão por devassa neste ano. Os fiscais -que podem passar até cem dias vasculhando os dados em cada entidade- auditarão investimentos, critérios para cálculos de benefício, gestão e dívidas. Serão fiscalizados 90 planos administrados por esses fundos.

"A crise incentiva a adoção de um modelo mais eficiente de fiscalização. 2008 foi um ano horrível para as instituições, pois quem tem mais de 10% de suas aplicações em renda variável não atingiu suas metas", disse à Folha o secretário de Previdência Complementar, Ricardo Pena. Segundo ele, entre 85% e 90% das entidades não alcançaram o patamar de rendimento fixado.

Dados extraoficiais indicam que os fundos podem ter registrado em 2008 estagnação na valorização de seu patrimônio (variação zero) ou mesmo amargado desvalorização de 1%. Nos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que reúne países desenvolvidos, houve perda de US$ 5 trilhões (-20%).

Para honrar o pagamento de benefícios atuais e futuros, os fundos estabelecem metas de rendimento para suas aplicações. A maior parte define como alvo 6% ao ano mais a variação de um índice de inflação. Com a tendência de queda dos juros no país, que remuneram investimentos, muitas instituições acabam se expondo a riscos para alcançar as metas.
Os dados mais recentes da secretaria mostram que os fundos, principais investidores institucionais do país, são donos de um patrimônio de R$ 472,2 bilhões. Cerca de R$ 305 bilhões pertencem a entidades cujos patrocinadores são empresas estatais federais, estaduais ou municipais.

Pena afirmou que os grandes fundos patrocinados por empresas estatais não escaparão do pente-fino. "Previ, Petros e Funcef também serão fiscalizadas, diferentemente do que ocorria no passado, quando havia interferências políticas", disse o secretário, referindo-se às entidades patrocinadas por Banco do Brasil, Petrobras e Caixa Econômica Federal, respectivamente.
A Previ é o maior fundo de pensão da América Latina, com patrimônio de R$ 137 bilhões.

Matriz de risco
Para analisar a situação dos fundos, a SPC adotou pela primeira vez um teste em que todas as instituições foram submetidas a uma "matriz de risco". A matriz foi alimentada com dados de cada instituição nos últimos 36 meses.

No cruzamento das informações, as entidades que apresentaram alto grau de exposição e elevada probabilidade de risco entraram para a lista do plano de fiscalização "in loco" de 2009.

Pena adiantou que a "matriz de risco" será rodada a cada três meses, o que pode aumentar o número de fundos auditados.

Na avaliação da SPC, embora a crise tenha afetado os fundos em 2008, no horizonte de 36 meses, 95% atingiram suas metas de rentabilidade. Entre 2003 e 2007, época em que o mercado acionário teve forte valorização, os fundos atravessaram um período de prosperidade, afirma pena, acumulando elevados superávits.

Em dezembro de 2007, as sobras somavam R$ 76 bilhões, mas em novembro do ano passado já havia caído para R$ 36 bilhões. Para a secretaria, a recuperação do setor só virá no segundo semestre.

Frases
"Previ, Petros e Funcef também serão fiscalizadas, diferentemente do que ocorria no passado, quando havia interferências políticas"
"2008 foi um ano horrível para as instituições"
RICARDO PENA
secretário de Previdência Complementar

Fonte: Folha de São Paulo, 10.02.09.

16 comentários:

  1. Vem chumbo grosso por ai, podem esperar,

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  2. E claro que a Cecilia iria publicar isso no blog.

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  3. Alô,
    Colegas poderíamos sugerir que esta "auditoria" fosse implantada também no INSS... o que é mais fácil ver o quintal do vizinho....
    Faça-me um favor....
    Cada dia que passa fico mais descrente com governo do PT...
    Concordo com o colega Ademar
    Aguardem.....

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  4. Agora a SPC está cumprindo verdadeiramente a sua função, ou seja, fiscalizar. Continue sempre assim, seu Ricardo Pena, fiscalizando TODOS os Fundos de Pensão. E jamais volte a editar medidas opinativas de como se deve usar superávits. Fique na sua. Nunca mude as regras com o jogo em andamento.

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  5. falam.....falam.....o aposentado tem que ir para a linha de frente da guerra e morrer....estao matando-nos e nao estamos percebendo, a dona cecilia,nos acalma...passsa manteiga....e depois so Deus sabe...eu nao aredito nessa Diretoria,,,

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  6. Cara Cecília,
    SE a ntenção for realmente fiscalizar, acho a medida salutar para o sistema como um todo.
    Temo apenas que se aproveitem de um dado ocasionado por uma variante que afetou todo o mercado financeiro e se queira apropriar dos recursos dos Fundos de Pensão, como fizeram na Argentina.

    Vamos ficar atentos!

    José Omar A. Coelho

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  7. E adivinhem pra quem vai sobrar esse chumbo grosso??

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  8. José Omar,
    É muito diferente a situação da Argentina. Lá, o sistema público é dividido e metade dele era privado. O que eles fizeram foi transformar todo o sistema em público, como é o nosso (INSS).
    No caso da matéria sobre a fiscalização da SPC, é o dever dela, fiscalizar os fundos de pensão até para que não aconteça o que aconteceu com o Aerus, fundo de pensão da Varig que deixou todos, inclusive os aposentados, sem benefícios.

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  9. Embora afastado do blog por entender que de notícias pésssimas, basta visitar site da Anabb, Previ e Cassi.Com esta agora basta: nem mais visitar vou.Feliz Páscoa para todos, porque de Carnaval só o bloco do SPC fala.

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  10. CECÍLIA GARCEZ....

    Após um ano ruim na econômia que afetou em cheio os fundos de pensão inclusive a nossa PREVI.
    A SPC agora quer fiscalizar,se realmente tivesse interesse em fiscalizar nao teria dado mais prazo para que fundos como o nosso enguadrasse seus ativos de renda variavel.Cada vez mais ficamos só com produtos contabeis,e nosso dinheiro sabe la pra onde esta indo.
    Se nós não decidirmos em criar uma associação forte,que defenda os interreses de aposentados e pensionistas logo teremos sim muita dor de cabeça.
    Nada é bem explicado ai na PREVI,nada é feito para que os contribuintes de uma vida inteira possa saber o que realmente acontece entre decisões equivocadas.
    Em plena auge da crise ninguem explico os mais de 4 bilhoes investidos na VALE.
    Numa época em que os preços estavan despencando.
    Acredito sim que esta na hora de uma ouditoria seria e competente na PREVI.
    Os maus gestores tem que serem punidos,porque estamos falando de bilhoes que são o suor de milhares de aposentados, pensionistas e futuros aposetados.
    Muito obrigado ROSALINA DE SOUZA

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  11. Colega Cecília,
    Já que o Sr. Secretário de Previdência Complementar afirmou que a Previ, Petros e Funcef sofrerão fiscalização da SPC, peço informar se a secretaria também teria competência para, se julgado cabível, aplicar algum tipo de punição ou até mesmo anular a apropriação contábil feita pelo patrocinador da Previ, amplamente divulgada como fato relevante, já do conhecimento de todos e em flagrante violação aos termos da resolução 26 do CGPC. Se "2008 foi um ano horrível para as instituições", o Sr. Secretário não pode imaginar (ou pode?) o quão ruim foi também para a imensa maioria de aposentados e pensionistas da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil, excetuando-se apenas os “agraciados” com o benefício especial de renda certa. Tendo em vista que, conforme noticiado, todas as terças-feiras são realizadas reuniões da diretoria da Previ, agradeceria se Você pudesse nos informar o que se oferecer acerca do pedido feito por mim em outro comentário aqui postado sobre novo realinhamento do ES. Lembro a minha exposição de motivos concluindo que o momento é mais do que justo e oportuno para que seja implementada, de imediato, a proposta do conselheiro deliberativo eleito William José Alves Bento, de novo teto (R$60.000,00) e prazo de pagamento (para até 84 meses). Lembro também a solicitação que fiz para que o assunto fosse provocado na reunião de diretoria. Afirmei que Você é depositária da confiança e da esperança de 123.213 colegas que ficariam na expectativa de sua breve e oportuna manifestação. Colega Cecília, a sua intenção de abraçar sempre as causas e os pleitos dos aposentados e das pensionistas, aliada ao seu evidente senso de justiça, fizeram com que Você conquistasse a admiração e o respeito de todos os que freqüentam o seu blog. À vista do exposto, agradeceria muito se não insistisse mais naquela desculpa descabida e inaceitável de que o ES foi realinhado recentemente e não caberia, pelo menos no momento, qualquer nova alteração.

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  12. como diz um certo humorista, fecha a conta e passa a regua, seja , vamos fiscalizar para saber se a reserva do patrocinador nao eh maior, ó falta isso, como diz o colega, chumbo vem ai, e calem-se, calem-se, mais vem ai nova eleiçao para Presidente, vamos mudar de sigla para ver se sobra alguma coisa boa para os aposentados da previ.

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  13. A função da SPC é fiscalizar, logo que fiscalize todos os Fundos de Pensão.
    Porém, anunciar previamente que vai fiscalizar é alertar os fundos "que vem chumbo grosso".
    Quando nós, fiscais do BB (CREAI,RURAL, etc.) trabalhamos, íamos de surpresa, sem anunciar nada...
    (Por favor não levem a Rede Globo junto...senão será demais)
    Apenas façam o seu serviço.
    Paulo Beno - Carazinho (RS)

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  14. Cara Cecília,
    Sem querer abrir polêmmica, quando referi-me à situação da Argentina, quiz enfatizar a impropriação indevida do patrimônio do trabalhador.
    Aqui já estão querendo apropriar-se através do patrocinador (caso da PREVI, PETROS e outros), o que em última análise leva os recursos para o governo, que é o grande aconista das estatais.
    Se ficar comprovado, nos fundos que serão analisados, a sua inviabilidade técnica e como eles falam que 90% do sistema está deficitário em 2008, podem querer se apropriar de tudo, num saco só.
    Não esqueça (talvez não seja do seu tempo) que se apropriaram do IAPB, que era superavitário, e colocaram tudo no saco único do INSS, que mesmo assim, jamais saiu do vermelho.
    Não custa nada ficar em estado de alerta.

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  15. E agora colegas?Vao querer nos convencer que o Ricardinho e o bom.Agora a SPC vai fiscalizar.....,agora nao roubarao mais o nosso(?) superavit.....agora e que nos estamos.......quem quizer que complete.Haja manteiga!!!!!

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  16. Jorge,
    A SPC fiscaliza e regulamenta os fundos de pensão, não tem nenhuma autonomia para agir em relação às empresas. Para isto existe a CVM, que é responsável em fiscalizar e regulamentar essas empresas.
    Em relação ao ES, pode contar sempre comigo nessa defesa, pois estamos na contramão em relação ao momento atual, onde o Governo vive clamando por aumento do crédito.

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