O primeiro de maio passou deixando um rastro de
frustração tanto para os trabalhadores quanto para os aposentados,
principalmente se pensarmos nos fundos de pensão das maiores empresas estatais –
Petrobras, CEF, Correios e BNDES, respectivamente: Petros, Funcef, Postalis e
Fapes. Uma Associação de Aposentados dos Postalis conseguiu, na Justiça, a não
cobrança de contribuições para os participantes do fundo que, com um patrimônio
de R$ 5 bilhões, apresentou déficit acumulado de R$ 5,5 bilhões,
aproximadamente. Ou seja, os participantes teriam que pagar a vida inteira e
não iriam conseguir cobrir o rombo. E, pergunto: qual é a responsabilidade que
os participantes têm considerando que houve investimentos ruinosos onde os
eleitos não participaram? O mesmo
aconteceu com a Petros. Nesses fundos, só há representantes eleitos nos
Conselhos e, nós sabemos, que os investimentos são feitos na Diretoria de
Investimentos.
Que responsabilidade os participantes têm do fundo
ter aplicado, por exemplo, recursos em títulos podres da Venezuela e Argentina?
Nas empresas do Eike? Na JBS Friboi? É justo os participantes pagarem essa
conta? Na minha opinião, não é. Deveria existir alguma proteção na legislação
que em situações que fossem verificadas má gestão dos recursos, o patrocinador
arcaria com o déficit. Até porque em todas as entidades, o executivo
responsável pelos investimentos é indicado pelo patrocinador. É lógico que em
alguns fundos, como a Funcef, existem eleitos pelos participantes na Diretoria,
porém sabemos também que o PT loteou os cargos executivos. Tanto os eleitos
quanto os indicados pelo patrocinador eram do partido do governo. A partir de
2014, três diretores independentes (ex-auditores da CEF) venceram as eleições e
acabaram com a farra do boi, porém o passado ficou manchado para sempre.
Para exemplificar melhor: vejam o que aconteceu em
um evento da Funcef para os associados:
“O
clima não anda nada bom na Funcef, o fundo de pensão dos servidores da Caixa
Econômica Federal. Em reunião na segunda-feira 13, no auditório da CEF, para a
apresentação do balanço patrimonial da entidade, o diretor-presidente Carlos
Alberto Caser não resistiu à pressão dos associados e deu um verdadeiro “piti”
no evento. Caser foi recebido com vaias tímidas, que aumentaram após sua
reação. Em vídeo exclusivo obtido por ISTOÉ, o dirigente diz que está ali para
prestar contas. “Não estamos aqui brincando”, afirma. “Se for para gritar eu
também vou gritar”.
"Queria
que vocês dessem uma vaiada logo, assim vocês relaxam", disse, irritado,
Carlos Alberto Caser.
Manchete
de ontem do jornal “Correio Braziliense” revelou que a gestão petista deixou um
rombo de R$ 5,6 bilhões na Funcef. Para receber a aposentadoria complementar na
qual investiram, os participantes do fundo de pensão terão agora de fazer
contribuições adicionais por 12 anos. Trata-se do segundo fundo de pensão a
tomar medida semelhante. No início do mês, o Postalis, dos servidores dos
Correios, anunciou que 100 mil carteiros serão obrigados a arcar com aportes
extras para cobrir um déficit também de R$ 5,6 bilhões.
Caser
tentou relativizar o resultado pífio da administração petista no comando do
Funcef. “Se agrada ou desagrada, é da regra democrática”, filosofou. Diante das
críticas de uma pensionista, o presidente da Funcef perdeu a linha. “Quem diz o
que interessa é a diretoria que está aqui, não é você. São 136 mil
participantes, não é você sozinha que vai dizer o que interessa.” O tom
agressivo fez os demais participantes reagirem com vaias mais fortes. Em vez de
apaziguar os ânimos, o dirigente preferiu destilar arrogância e ironia. “Queria
que vocês dessem uma vaiada logo. Assim vocês relaxam. Eu senti que vocês
estavam com isso na garganta. Solta gente. De uma vez, forte!”
Segundo
relatos, após o “piti” a maioria dos presentes se levantou e deixou o local.” Fonte:
Clique aqui - Revista Isto É
E os colegas vão perguntar: e na Previ? Não
aconteceu nada? A grande diferença é que o patrocinador BB não cometeu a mesma
falha que os demais patrocinadores. O BB indicou executivos técnicos para a
diretoria e conselho. Por isso, podemos dizer que não (quando se trata de
investimentos), a não ser reforçarmos que houve um investimento volumoso em
Petrobras, no aumento de capital em 2011, em um valor bem arrojado, principalmente
para o Plano 1, onde a alocação em renda variável é muito agressiva, porém não
podemos dizer que era um investimento arriscado na época porque não havia
nenhuma suspeita da roubalheira que estava acontecendo na empresa. Podemos apontar
o investimento no FIP Sondas (Sete Brasil). Era preciso? Na minha opinião –
não. Para que investir mais em renda variável no Plano 1? Ainda mais em
investimentos que ainda não maturaram e que têm risco alto, como é o caso. É
importante limparmos o plano 1 mantendo os ativos de renda variável que são
bons pagadores de dividendos e que apresentam uma boa performance – observando sempre
o tripé – retorno x risco x liquidez e procurar se desfazer dos demais.
Alguns outros ativos ruins são consequência de
investimentos passados que continuam amargando o portfólio da Previ, porém não
podemos dizer que houve investimentos que levaram à entidade ao déficit em 2014,
que foi conjuntural. O que houve foi um mercado ruim, com a Bolsa de Valores lá
embaixo, bem como a redução do valor de mercado da empresa Vale, principal
ativo no plano 1. Sabemos que é uma empresa excelente e que a tendência é se
recuperar no médio prazo com o preço do minério de ferro voltando a um patamar
mais competitivo.
Os meses de janeiro a março não foram nada bons,
porém o mês de abril apresentou um resultado melhor, principalmente uma
recuperação significativa do ativo Petrobras. O que nos leva a concluir que o
ano de 2015 será de grandes emoções até chegarmos ao final do ano, época de
fechamento do balanço.
Cecília Garcez,
ResponderExcluirSua análise é muito realista e objetiva.
Como você disse quem tem poder nos fundos são os patrocinadores. Então eles é que deveriam arcar com esses furos.
Você que está na Previ e tem acesso a estudos mais aprofundados, sabe como o sistema nos USA funciona em casos como esses?
Você, além de sugerir que os patrocinadores devem arcar com esses prejuízos, tem outras outras sugestões para colocar o sistema em ordem ?
Ficaríamos agradecidos com sua manifestação.
Adaí Rosembak
Caro colega Adaí,
ResponderExcluirNos EUA, quem faz esse tipo de crime é devidamente responsabilizado. O maior problema é que no Brasil tudo acaba em pizza. Veja o exemplo, dos denunciados no Lava-Jato, que já estão longe da cadeia, em casa, tranquilamente.
Quando os prejuízos são produtos de investimentos mal feitos com indicados do patrocinador, ele deverá arcar com a conta, porém deveriam ser penalizados e responsabilizados pelo que fizeram a milhares de pessoas que dependem desses recursos.
Na minha opinião, não há outro caminho. Alguém tem que pagar essa conta. É lógico que se o órgão regulador (PREVIC) fosse mais efetivo, atuando com proatividade, não deixando chegar a esse ponto, muita coisa seria evitada e é isso que acontece tanto nos fundos de pensão nos EUA quanto na Europa. Ao menor sinal de desequilíbrio, é ajustado rapidamente as contribuições, porém os investimentos são feitos com muitos critérios. Às vezes, como foi o caso de fundos de pensão canadenses ou americanos que investiram na Petrobras, a cobrança vem através de uma atuação forte com ação judicial contra a empresa e cobrando as perdas dos participantes dos fundos.
Cara Diretora Cecília Carcez,
ResponderExcluirSei que sua bandeira sempre foi diminuir nossas aplicações em Renda Variável.
Creio que estamos aqui aqui para fomentar empregos, rendas e lucros para a população no geral.
Sabemos que possuímos a PREVIC, maus gestores etc... Mas acredito na sua capacidade, sempre falei que pagaria R$ 1.000.000,00 para quem triplicasse tudo meu Capital. Aplicar em renda fixa até eu aplico.
Sou seu bom amigo político, aumento pelo patrocinador nem pensar, superavit na previdência o governo não admite nunca, mesmo com Repartição Simples. Sonho alto, acredito que a PREVI seria um exemplo de que como seus aposentados e pensionistas se tornaram em classe média, sem interferência ESTATAL.
Mudança de Estatuto primordial ? Sinto que não tenha respondido aos anônimos.
senhores, não podemos ficar esperando pela PREVIC/STF ou qualquer outra coisa, temos sim é que exigir nossos direitos antes que nosso patrimônio e consequentemente nossas aposentadorias vão para o espaço.
ResponderExcluirBASTA !!!
- temos que tomar providências," panelaço,peladaço/ e, até acho melhor "UM PEDALAÇO " pois sou adepto de pedalar em minha bike aqui em Balneário Camboriú(SC), mas não podemos ficar eternamente "DEITADOS EM BERÇO EXPLÊNDIDO" - VAMOS exigir NOSSOS DIREITOS na PREVI e mais urgente na CASSI
Ademir Medeiros Martins
Bal.Camboriú(SC).
Cara Cecilia, sugiro que na próxima reunião de Diretoria, voce o Carvalho e o Décio, entrem com uma petição, para que ja contribuiu por mais de 30 anos, que seja suspensa a contribuição a Previ.
ResponderExcluirFoi citado a Sete Brasil, como mau investimento. Comprovado quando essa empresa adiantou milhões de dólares a estaleiros/construtoras e que se volatizaram,
ResponderExcluirMuito bem ! A PREVI não tinha representante conselheiro na administração da Sete Brasil ?