quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Os fundos de pensão no caminho do trem-bala


Esta matéria é importante discutir, considerando que serão os recursos do Plano 1 que bancarão esse investimento que, pelas dúvidas que estão gerando, podem virar um grande "mico" no futuro, se o governo não subsidiar. A forma como estão acontecendo os novos investimentos na Previ me dá medo, pois não há transparência e nem os eleitos têm divulgado muito o que está acontecendo. Por isso, acredito ser de fundamental importância que todos fiquem bem informados sobre o assunto, pois os recursos do Plano 1 são dos seus associados e não  podem ser utilizados para benefício de programas de governo.

A nuvem de dúvidas que paira sobre o projeto do trem-bala fez com que os consórcios resolvessem fazer as contas para saber se vale a pena entrar na disputa. Em alguns casos, os estudos privados indicam resultados diferentes dos que constam do estudo contratado pelo governo. O risco de uma demanda bem inferior à prevista é um dos problemas.O projeto brasileiro estima que sejam feitas 6,4 milhões de viagens por ano entre São Paulo e Rio de Janeiro, número questionado pelo consultor do Senado Marcos Mendes, autor do estudo que comparou o projeto do trem-bala brasileiro com outros trens de alta velocidade em funcionamento no mundo. "Para engordar o número brasileiro, o projeto passou a considerar trechos intermediários. Mas, então, por que o TAV não se limita, inicialmente, a alguns trechos, para depois avaliar seus resultados? Por que não considerar trens intermediários, de 160 km por hora, que custam entre 25% e 65% do TAV?" , questiona o consultor Marcos Mendes. E h á pontos importantes que precisam de definição do governo federal, faltando pouco mais de um mês e meio para a entrega de propostas - prevista para 29 de novembro. Entre as questões pendentes estão a participação dos fundos de pensão das estatais e as definições sobre garantias exigidas pelo governo durante a execução das obras.

Em recente entrevista ao Valor, Paulo Alvarenga, diretor da divisão de mobilidade da Siemens, companhia que lidera o consórcio alemão, afirmou ter "dúvidas profundas" sobre a viabilidade do projeto. "As condições colocadas no edital possuem um nível de exposição de risco muito elevado", disse Alvarenga. "O principal ajuste que precisa ser feito diz respeito à questão da demanda. O edital é otimista demais."O consórcio coreano é mais um que está atrás de respostas. "Estudamos o projeto e chegamos a conclusões diferentes das do governo", diz Paulo Benites, presidente da Trends, empresa brasileira de engenharia que representa o grupo coreano no Brasil.

Apesar das críticas do setor privado, o representante de um consórcio que preferiu não se identificar afirma que as empresas continuam trabalhando em seus projetos. "Essas queixas fazem parte do jogo, tenho visto as empresas reclamando, mas todas trabalham firme em suas propostas", afirma o executivo.

O preço previsto para a passagem do trem-bala é mais um ponto de conflito. No percurso entre São Paulo e Rio, a passagem econômica poderá custar, no máximo, R$ 199,00. Esse valor se baseia na tarifa-teto fixada pelo edital em R$ 0,49 (US$ 0,27) por quilômetro rodado. O preço supera a tarifa de US$ 0,25 cobrada no Japão, país que tem a passagem mais cara do mundo. "Agora compare o nível de renda da população do Japão e do Brasil", diz Mendes. "A verdade é que esse projeto só está olhando para o público que hoje viaja de avião, o que é insuficiente", acrescenta o consultor do Senado Federal.

Com preço de R$ 34,6 bilhões - para ficar no valor estimado pelo edital - o trem-bala é, de longe, o projeto mais caro entre todas as obras em execução ou desenhadas pelo governo. Para se ter uma ideia, a construção e a reforma de todos os estádios que receberão a Copa do Mundo de 2014 em 12 Estados consumirão R$ 6,3 bilhões, o que já não é pouco dinheiro.

A principal indefinição, reclama um dos consórcios, é a forma de participação dos fundos de pensão. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e o BNDES já garantiram que deve haver participação de Funcef, Previ e Petros - respectivamente, os fundos de pensão da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Petrobras. Representantes do fundos também sinalizaram interesse.

Há pelo menos três modelos de participação em jogo. Em um deles, o mesmo adotado na usina de Belo Monte, os fundos se uniram e entraram como "parceiros estratégicos" - ou seja, se associaram ao grupo vencedor, após a licitação. Outra hipótese, verificada em grandes licitações anteriores, como nas usinas do rio Madeira, os fundos buscaram sócios sozinhos, fechando com apenas um dos consórcios da disputa. Há ainda a chance de a Invepar, empresa que atua na área de transportes rodoviários e ferroviários - comprou recentemente a concessão do Metrô do Rio - representar os fundos. A Invepar é controlada pela Previ, com participação de Funcef, Petros e da construtora OAS.

"Precisamos saber se eles entram ou não para saber quanto equity vamos precisar buscar", diz um candidato à licitação. Representantes do governo acreditavam, no início do ano, que a a participação dos fundos seria de R$ 2,4 bilhões - R$ 600 milhões de cada fundo e R$ 600 milhões de participação do BNDESPar.

Um representante de outro consórcio diz que as negociações estão correndo livremente entre fundos e consórcios. A participação não deve contar com BNDESPar, pode ter um outro fundo de pensão além dos três já confirmados e atingirá um terço do equity do projeto, cerca de R$ 2,2 bilhões.
* Fonte primária da informação Valor

5 comentários:

  1. Prezada Cecília,

    Seja de grande ou pequeno valor, todo dia 20, nós (aposentados e pensionistas) recebemos os proventos; de certa forma é tão usual que nunca se imaginou consultar o saldo naquele dia e não encontrarmos o respectivo crédito, e assim vivemos, envelhecemos sem grande preocupação com o nosso tesouro guardado na PREVI.

    O texto que você colocou no blog nos deixa em estado de atenção máxima, está talvez em risco a nossa sobrevivência; a gente tem que estar sempre muito atento aos destinos do nosso Fundo de Pensão, trata-se de riscos que uma decisão irresponsável possa vir causar danos irreparáveis, nos deixa medrosos quanto à atual administração da PREVI. Será que nosso patrimônio está sendo gerido com competência, com responsabilidade, com honestidade? De repente a cifra bilionária fica tão vulgar, parecendo tão fácil arriscar o capital dos outros, o que podemos fazer para evitar essa ousadia? O cenário nos remete ao livro: "Quem mexeu no meu queijo?" [de Spencer Johnson].

    Julio H. Honorato

    ResponderExcluir
  2. Cara Cecília,

    Desejaria um esclarecimento: Como é decidida a aplicação dos recursos da PREVI? Se é decisão da Diretoria,o Presidente já utilizou alguma vez o voto de Minerva para essas aplicações?
    Temos que fazer pressão em quem decide para que não se utilize esses recursos em operações de alto risco como o trem-bala, o Pré-sal e Belo Monte.

    Por falar nisso, como ficou a situação de nosso representante na Neoenergia que, corajosamente, votou contra a aplicação de recursos em Belo Monte?
    Temos de encontrar uma forma de pressionarmos os reponsáveis (ou mnesmo aperfeiçoarmos os dispositivos) que decidem a aplicação de recursos em operações de alto risco.

    ResponderExcluir
  3. Colega Cecília,
    Peço licença para fugir do tema em discussão para solicitar informações que julgo ainda mais importantes, pelo menos neste momento. Tomei conhecimento de que os seus colegas da Anabb William José Alves Bento, Antonio Gonçalves e Cláudio Nunes Lahorgue estão diretamente envolvidos nas discussões sobre a utilização da reserva especial para revisão do plano de benefícios “1” da Previ. Na próxima segunda-feira, dia 18.10, haverá importante reunião em Brasília, com a diretoria do patrocinador, a fim de que sejam oficialmente iniciadas as discussões sobre o assunto. Previamente consultada a Previc informou que qualquer que seja o tipo de proposta aprovada pelas partes os valores serão distribuídos sob a forma de abono mensal, durante até trinta e seis meses. Tendo em vista a proximidade com as pessoas supracitadas, agradeceria se Você tivesse condições de nos adiantar qual é o pensamento da Anabb sobre o assunto. Entendo que o momento exige que sejam apresentadas uma ou no máximo duas propostas, de simples entendimento, abrangentes, justas e de fácil implementação. Apesar de ainda não sabermos oficialmente o montante de recursos que realmente será destinado aos associados do “PB-1” – os números deverão ser apresentados pela diretoria de seguridade na reunião de 18.10.2010 -, estimei, com base nos termos da resolução 26 do CGPC, o total de R$8.500.000.000,00 (oito bilhões e quinhentos milhões de reais) para usar como exemplo de utilização da reserva especial para revisão do plano de benefícios. Pois é, esse valor dividido por trinta e seis meses daria um total mensal de R$236.111.111,11 (duzentos e trinta e seis milhões, cento e onze mil, cento e onze reais e onze centavos). Esses mesmos duzentos e trinta e seis milhões divididos por 121.000 (cento e vinte e um mil) associados do “PB-1” proporcionariam a cada colega um abono mensal de R$1.951,33 (um mil, novecentos e cinquenta e um reais e trinta e três centavos) durante trinta e seis meses. Penso que seria uma proposta interessante, justa, passível de ser levada em consideração e posta em discussão, e que poderia atender aos anseios da grande maioria dos integrantes do “PB-1”. Agradeceria muito se Você emitisse também o seu ponto de vista sobre essa proposta, até mesmo expondo os prós e os contra da mesma, caso existam. Ficaremos no aguardo de sua breve, importante e oportuna manifestação.

    ResponderExcluir
  4. Oi Jorge,

    Não é tão simples assim, pois a Resolução CGPC 26 determina que os valores distribuídos sejam proporcionais à reserva matemática de cada um. Dessa forma, ela impede que distribua de forma igualitária como o cálculo que você aprsentou.

    A Anabb está defendendo que, antes de qualquer discussão de distribuição de superávit, seja feita a revisão do plano conforme LC 109. Eu acho uma proposta bem interessante e defensável, tendo em vista que o plano tem discrepâncias e uma Resolução não pode valer mais que uma Lei Complementar. É essa a proposta que os representantes da Anabb defenderão no dia 18.10.

    ResponderExcluir
  5. Nós estamos é lascados !!!

    Ora, o Governo, os dirigentes da Previ e os nossos "representantes" na Previ estão TODOS do mesmo lado. O que o Governo quer fazer, faz. E no caso em tela é que fará mesmo, o dinheiro não é dele.

    E quanto aos nossos "representantes" ?? Não nos dão um mínimo de informações, não fazem consultas e, se já não tiverem sido cooptados acabarão sendo.

    Exemplos de aplicações "maravilhosas e de excelente retorno" de nossa Previ são muitas: Costa do Sauípe, Hopi Hari e o escambau. E AGORA QUEREM ENFIAR DINHEIRO, MUITO DINHEIRO NUM INVESTIMENTO FADADO A DAR COM OS BURROS´N'ÁGUA !!!

    ResponderExcluir

Poste seu comentário