Caros Colegas,
Apesar de a expectativa dos colegas é discutir a questão do reajuste do Empréstimo Simples, eu acredito que é muito importante repassar algumas matérias que saíram nos jornais nesse último final de semana para discutirmos. Como eu não acredito em grandes alterações no ES, prefiro abrir os olhos dos associados para outros pontos que podem colocar em risco nosso patrimônio. Existem pressões por parte do Governo e não acredito que haja dirigentes eleitos contrapondo essas pressões. Vamos ficar alertas!
Uma das fontes do escândalo do mensalão, o aparelhamento político na estatal Correios continua, sete anos depois. Após passar pelas mãos do PTB e do PMDB, desalojados do comando em meio a denúncias de corrupção, a empresa virou feudo do PT, cujos líderes indicaram nomes para os principais cargos de direção. Condenados pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão, o ex-ministro José Dirceu e o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) influenciaram a escolha dos dirigentes. O principal exemplo é o presidente da empresa, Wagner Pinheiro de Oliveira, que deve sua nomeação ao ex-ministro Luiz Gushiken, absolvido no julgamento em curso no Supremo, e teve ainda a sustentação do grupo liderado por Dirceu. Sindicalista vinculado à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e filiado ao PT, Pinheiro ocupa cargos por sugestão de caciques do partido há pelo menos 20 anos. Ex-chefe da Petros, o fundo de pensões dos funcionários da Petrobrás, o presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, teve sua gestão investigada pelas CPIs dos Correios e do mensalão. Nesta última, Pinheiro prestou depoimento. Os fundos de pensão foram apontados na época como um dos possíveis "caixas" do esquema de compra de apoio político ao governo Lula. Em relação à Petros, o relatório da CPI dos Correios questionava o crescimento exponencial dos investimentos do fundo nos bancos Rural e BMG, fontes dos empréstimos supostamente fictícios ao PT e empresas do operador do esquema, Marcos Valério Fernandes de Souza.
O nome de Pinheiro é citado seis vezes no relatório final. O deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) pediu que o Ministério Público continuasse a investigar possíveis irregularidades. Fora o incremento de aplicações em bancos do esquema, o petista também teve de explicar a contratação, pela Petros, de algumas empresas, entre elas a Globalprev, que pertenceu ao ex-ministro Luiz Gushiken.
'Critérios técnicos'. Questionado, Pinheiro informou que compareceu voluntariamente à CPI do mensalão e que as conclusões da comissão - controlada pelo governo - não trouxeram "nada de desabonador". Ele alega que dez fundos de pensão foram investigados pela CPI dos Correios e que o relatório final não apontou irregularidades.
"Quanto aos investimentos em fundos dos bancos citados, obedeceram a critérios técnicos e foram aprovados por todas as instâncias decisórias da entidade", acrescentou, em nota.
O presidente dos Correios sustenta que a contratação de empresas, entre elas a Globalprev, ocorreu de forma regular: "Os processos de contratação e os próprios contratos foram analisados pela subcomissão de fundos de pensão da CPMI dos Correios, que concluiu que não havia irregularidades. A conclusão foi de que a Petros possuía um sistema interno de controle capaz de garantir credibilidade à sua gestão".
* Fonte primária da informação O Estado de S. Paulo
Fundos de pensão estatais sob ataque Operações milionárias sob
suspeita
As poupanças
que garantem a aposentadoria de milhares de trabalhadores estão sendo corroídas
pela quebradeira em série de bancos pequenos
Fundos de pensão de funcionários de empresas
estatais podem perder pelo menos R$ 1 bilhão com aplicações feitas em
instituições fechadas pelo Banco Central
Donos da maior poupança do país, um
patrimônio superior a R$ 620 bilhões, os fundos de pensão fechados de
previdência complementar são motivo constante de cobiça. Mas parte importante
dessa montanha de dinheiro corre o risco de virar pó, comprometendo a
aposentadoria de milhares de aposentados e pensionistas, sobretudo os de
empresas estatais. Atraídas por bancos pequenos e médios com a promessa de ganho
fácil e rentabilidade superior à média do mercado, essas fundações têm
contabilizado prejuízos recorrentes com o fechamento de uma série de
instituições financeiras pelo Banco Central. Estima-se que pelo menos R$ 1
bilhão esteja comprometido com a quebra de sete bancos nos últimos dois anos:
PanAmericano, Schahin, Morada, Cruzeiro do Sul, Prosper, Matone e
BVA.
O que mais tem
chamado a atenção dos fiscais do BC e de integrantes da Polícia Federal e do
Ministério Público (MP) é o fato de serem os fundos de estatais os maiores
perdedores. “A coincidência é impressionante. Em quase todos os bancos fechados
por fraudes, há fundos de pensão de empresas públicas com dinheiro preso. Parece
um movimento combinado, muito suspeito”, diz um técnico do BC. Os indícios de
irregularidades são grandes, acreditam os policiais envolvidos nas investigações
abertas a pedido do MP. Uma das suspeitas é que gestores das fundações estariam
recebendo comissões “por fora” dos banquinhos para fazerem aplicações de
recursos com eles. “Os agrados feitos pelos bancos de menor porte incluiriam,
além de comissões, viagens, carros e festas com muitas mulheres”, ressalta um
policial.
O resultado
disso é uma longa briga para reaver os recursos perdidos com a intervenção e a
liquidação dos bancos pelo BC. Que o diga a Fundação de Previdência dos
Empregados da Companhia Energética de Brasília (Faceb). Desde 2004, a entidade
tenta recuperar quase R$ 2,5 milhões aplicados em Certificados de Depósito
Bancário (CDBs) do extinto Banco Santos. “Apesar de todos os exemplos de
prejuízo, parte das fundações parece não ter aprendido a lição. É isso que torna
as operações recentes muito suspeitas”, reforça, coberto de razão, outro fiscal
do BC.
Sigilo
Somente com a recente intervenção do Banco Central no BVA, R$ 110,4
milhões aplicados por sete entidades previdenciárias ficaram ameaçados. Estão na
lista, entre outras, as fundações Serpros, dos empregados do Serpro, e
Infraprev, dos funcionários da Infraero. O banco alega sigilo bancário para
revelar os nomes de todas as fundações, a despeito de o mercado citá-las sem
nenhum constrangimento. A instituição garante ainda que, até o momento, não
houve calote. Caso o banco seja liquidado e não possa honrar os compromissos,
seus ex-controladores ressaltam que parte desse capital está protegida pelo
Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
Responsável por regular e fiscalizar os
fundos de pensão, a Superintendência Nacional de Previdência Complementar
(Previc) garante estar fazendo a sua parte para proteger o patrimônio dos
trabalhadores. “Estamos atentos aos movimentos de todas as fundações. A Previc
tem todo o interesse em que essas entidades se mantenham dentro das regras e não
ponham em risco o patrimônio que administram”, afirma o diretor-superintendente
do órgão, José Maria Rabelo. Ele diz mais: “Não hesitaremos em denunciar,
criminalmente, todos os gestores suspeitos de irregularidades. Nossa tolerância
com desvios é zero”.
Rabelo garante que a grande maioria das fundações tem controles de risco
e de segurança muito rígidos. “Portanto, é importante separar o joio do trigo.
De qualquer forma, vamos averiguar se todos os requisitos de segurança foram
seguidos à risca pelos responsáveis pela gestão dos recursos”, assinala. As
aplicações, por sinal, se concentram em fundo de investimentos fiscalizados pela
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que, procurada pelo Correio, informou
“estar sempre supervisionando a indústria de fundos de investimento e o
comportamento de seus participantes, inclusive em relação à diligência na
aquisição de ativos, precificação e gestão de liquidez”.
A CVM destaca ainda que, no caso de uma
instituição financeira sofrer intervenção ou ser liquidada pelo BC, cabe ao
interventor ou ao liquidante garantir que haja a segregação entre o patrimônio
dos fundos de investimentos e o do banco, de maneira que “não haja risco de
ruptura do serviço prestado ao cotista”.
Investigação
Para agentes do mercado, os órgãos de
fiscalização precisam ficar mais atentos e observar de perto os motivos que
levam entidades previdenciárias a concentrar aplicações em bancos menores. Para
alguns desses especialistas, em determinadas situações, pode haver interesses
escusos. Uma Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) no município de Serra, no
Espírito Santo, vai averiguar, por exemplo, a possibilidade de propina ou caixa
dois em uma operação de R$ 40 milhões entre o fundo de previdência local e o
Banco BVA. Os vereadores que fizeram as acusações, porém, ainda não apresentaram
provas. (VICENTE NUNES e VICTOR MARTINS - Correio
Braziliense-28.10)